
Nobilior
“Existe o mito de que as mulheres toleram melhor a dor do que os homens, mas a verdade é que essa capacidade depende de cada pessoa”, diz Maria João Centeno, anestesista do Hospital Garcia de Orta. Todas já ouvimos contar histórias de dor e sofrimento associadas aos exames de diagnóstico. Por isso, não é de estranhar que algumas mulheres transpirem só de pensar que têm que fazer uma mamografia, já para não falar da temível colonoscopia ou endoscopia digestiva. Mas a verdade é que um simples exame desta natureza pode ser determinante para aumentar as hipóteses de cura do cancro da mama ou do colo do útero. Para acalmar os medos e motivar o diagnóstico precoce, a médica anestesista esclarece que “nos exames potencialmente mais desconfortáveis, pode e deve recorrer-se a sedativos ou à anestesia geral ou local”. E avisa: “É essencial que a doente saiba o que pode esperar e, caso tenha algum receio, deve partilhá-lo com o médico que a está a acompanhar.” E não se esqueça: quanto mais enervada ou stressada estiver, maior será o desconforto.
Grau de dor: 5
Colonoscopia
O que é? Consiste na introdução de um aparelho flexível através do ânus com uma microcâmara e uma luz na extremidade. O objectivo é percorrer o intestino grosso e a parte final do intestino delgado para detectar a existência, ou não, de pólipos que possam degenerar em cancro do cólon rectal.
Grau de dor: Se for realizado sem anestesia, é bastante doloroso e desconfortável, como sucedeu com Maria Estela, 52 anos. “Mesmo sabendo o que ia acontecer, a verdade é que senti alguma dor”, conta. “Não levei anestesia, por isso senti todos os movimentos do tubo.”
Solução: De acordo com a anestesista Maria João Centeno, este exame deveria ter sempre o apoio de um anestesista de forma a minorar o desconforto e a dor. Por isso, fale com o seu médico e peça–lhe para ter esse apoio.
Grau de dor: 4
Endoscopia digestiva (gastroenteroscopia)
O que é? Através da introdução, pela boca, de um tubo flexível, o médico examina o esófago, estômago e duodeno. O objectivo é identificar a causa de hemorragias ou obter biopsias para diagnosticar gastrites, úlceras ou a existência de algum tumor.
Grau de dor: Sem anestesia é doloroso e desconfortável.
Solução: Este exame é normalmente realizado com anestesia local, através da aplicação de um spray anestésico na garganta. Para Ana Valente, 52 anos, o único desconforto foi sentir o tubo a tocar no estômago. “Tive uma sensação de vómito e desconforto, mas, como tinha estado em dieta de líquidos, consegui controlar os impulsos.” Em alguns casos é aplicada uma injecção endovenosa que ajuda a diminuir estas queixas. Deve pedir a um familiar ou amigo para a acompanhar, para se sentir mais apoiada.
Grau de dor: 3
Histeroscopia
O que é? Nem todos os problemas internos do útero (malformações uterinas, infertilidade ou disfunções hormonais) são possíveis de detectar com uma simples citologia. Depois do toque vaginal, é introduzido um espéculo (bico-de-pato), seguido do histeroscópio (pequeno tubo, com uma lente, que permite visualizar as paredes do útero). Em 90 por cento dos casos, a histeroscopia é acompanhada de biopsia, ou seja, da retirada de um minúsculo fragmento do tecido uterino para análise.
Grau de dor: Alguma dor e desconforto.
Solução: O ginecologista Daniel Pereira da Silva refere que é preciso ter alguns cuidados, em especial nas mulheres que ainda não tiveram filhos, pois “o canal cervical é mais estreito, o que torna o exame mais doloroso”. Por esse motivo, e porque se trata de um exame invasivo, o ginecologista pode aplicar uma anestesia local para minimizar a dor. Para isso é importante que fale com ele e que não tenha receio em expor os seus medos ou dúvidas.
Grau de dor: 2
Mamografia
O que é? É essencial no rastreio do cancro da mama, mas também dá informação sobre a natureza dos tumores (se são sólidos ou líquidos, se são ou não malignos). O exame consiste em comprimir, durante alguns minutos, a mama entre duas placas plásticas de forma a garantir que a radiografia obtém uma imagem clara das zonas mais espessas da mama.
Grau de dor: Muito ligeiro. A dor aumenta se tiver uma grande sensibilidade mamária ou quistos.
Solução: Nos casos em que é mais dolorosa, há uma clara relação com o estado de espírito da mulher. A ansiedade e a tensão que a expectativa do exame provoca é meio caminho andado para que a mulher tenha medo e para que, quando o faz, sinta dor. Para evitar estes níveis de ansiedade, a médica anestesista Maria João Centeno aconselha: “Se tem sensibilidade mamária muito marcada, poderá, antes de realizar o exame, tomar um analgésico; opte também por marcar a mamografia para imediatamente a seguir ao período menstrual, altura em que a mama está menos sensível.”
Grau de dor: 2
Biopsia
O que é? Consiste em recolher uma amostra de tecido ou órgão para detectar a presença de células cancerígenas. Podemos falar de biopsias cutâneas (faz-se uma pequena incisão com o bisturi e retira-se uma amostra de tecido) ou por punção (após desinfectar e anestesiar a área, insere-se uma agulha através da pele até à profundidade desejada).
Grau de dor: A picada pode causar alguma impressão.
Solução: “Desde que o exame provoque dor ou desconforto ao doente, deverá sempre haver uma resposta de forma a minimizar essa sensação”, defende Maria João Centeno. Por vezes, o problema é que não existem anestesistas suficientes para dar resposta a todos os pedidos. Mas, mesmo assim, insista sempre.
Grau de dor: 1
Citologia vaginal (Exame de Papanicolaou)
O que é? Trata-se de um exame de diagnóstico ginecológico que deve ser feito anualmente e que permite rastrear o cancro do colo do útero.
Grau de dor: Muito ligeiro.
Solução: “O exame em si não causa dor. O que a mulher pode sentir é incómodo no momento da introdução do espectro ou algum constrangimento por se tratar de um exame íntimo”, explica Daniel Pereira da Silva, ginecologista. O melhor é ter calma. Tome um calmante ou um chá de ervas antes da consulta, ajudam-na a relaxar e a ficar menos ansiosa.