Um nome demasiado estranho
Quer dizer, estamos num país livre e toda a gente pode chamar, dentro de certos limites, o que quiser à criança.
Mas pense que as crianças gozam com os outros por tudo: um nome normal já é uma gozação a menos. Quer que a criança seja diferente? Deixe isso a cargo dela. E sabe lá se ela vai querer ser diferente… Se não quer chamar-lhe Maria nem Ana, João ou José, há nomes ‘diferentes’ mas que não são demasiado estranhos. Investigue.
Um nome demasiado banal
Pronto, é verdade que nenhuma criança vai troçar deles, mas vão passar a escolaridade inteira a serem conhecidos pelo nome+apelido. Nunca são só a Maria e o Tiago, são sempre a Maria Santos e o Tiago Rodrigues, para se distinguirem da Maria Silva, da Maria Gonçalves e da Maria Fonseca, e de todos os outros Tiagos. É bom não se distinguir da matilha, mas ter o mesmo nome que milhões de outras pessoas também pode dar-lhes a sensação de que não se distinguem dos outros, que são demasiadamente um produto do seu tempo, ou que os pais não se deram ao trabalho de procurar alternativas…
Um nome que lhe traz más recordações
Se racionalmente adora Constança mas houve uma Constança que lhe fez a vida negra, é escusado: sempre que disser o nome, vai estar a lembrar-se dela. Pode não ser racional, mas mais vale escolher outro.
O nome da moda
Maria ou Beatriz, Rodrigo ou João, são clássicos lindos, afinal alguma razão há para serem tão escolhidos, mas, mais uma vez, haverá mais cinco meninos na sala dele com o mesmo nome… Se quiser um nome ‘popular’, desça uns degraus na lista e escolha a partir do décimo…
O nome da avó
Há avós com nomes fantásticos, e agora a moda é precisamente recuperar nomes tradicionais como Isabel, Luísa ou Alice. Mas se a sua mãe (ou pior, a sua querida sogra) dava pela graça de Otelinda ou Ifigénia, Drusila ou Detinha, não deixe. Se for preciso, fuja com a criança ou ligue para a Associação de Apoio à Vítima, mas não deixe. Alternativa: se está num meio tradicional, procure até encontrar uma tia com um nome decente, mesmo que tenha morrido no século XVII. Se o seu marido fizer mesmo mesmo questão de dar à filha o nome da irmã que morreu com 17 anos (e que se chamava Britânia de Jesus) proponha ficar como segundo nome.
Um nome ‘encomendado’
“Ai nesta família o primeiro filho sempre se chamou Álvaro.” Se gosta, ótimo. Mas se não gosta, porquê manter a tradição só porque outras pessoas esperam que o faça? O filho é seu, não é dos avós.
Dê-lhe o nome que quiser. Se o pai da criança não quiser ir contra a família, use a técnica do segundo nome.
Um nome do qual ninguém gosta
É normal haver sempre quem não goste. E há nomes que inicialmente se estranha porque não estamos habituados, mas depois até achamos que é a cara da criança. Adriana ou Baltasar podem ser escolhas pouco habituais, mas porque não? O problema é quando mesmo ninguém acha muita graça. Se calhar é melhor pensar duas vezes…
Um nome que choque com o apelido
A regra é: se o último nome é comprido, dê-lhe um primeiro nome curto. Por exemplo, se o seu apelido é Vasconcelos, se calhar ficará melhor um primeiro nome tipo Rita ou Marta, em vez de Margarida ou Madalena. Mas o principal é o seguinte: verifique o final do nome e o princípio do apelido. Chocam? Por exemplo: Gonçalo Lima não soa lá muito bem. Se continuarmos no Vasconcelos, esqueça Eva. E há outros que, por razões óbvias, são de evitar: se o seu apelido é Rodrigues, enfim, pôr-lhe Amália já é devoção a mais… João Pestana dá vontade de rir, Vasco da Gama, enfim, é patriota mas idem, e nem vamos falar de algum senhor Ronaldo que queira chamar à criança Cristiano.
Um nome parecido com o dos irmãos
Se vai ter gémeos, evite nomes parecidos. Já é difícil ter de construir uma identidade separada, não dificulte ainda mais a tarefa. Se forem duas meninas, para quê Catarina e Carolina? Se forem dois rapazes, para quê José e João?
Um nome que não seja aceite em Portugal
Se vai lançada para chamar ao seu rebento 123 de Oliveira 4, como existe no Brasil, esqueça: não consta dos nomes aceites em Portugal.
Em contrapartida, está à vontade para lhe chamar Ismália, Mariline, Numénia ou Cristolinda. Se for rapaz, tem à disposição Alírio, Jocelino, Isandro, Gildásio ou Frede, entre muitos outros.
Mas há falhas incompreensíveis: por exemplo, pode chamar à sua filha Gioconda, mas não pode chamar-lhe Mona Lisa. Pode chamar-lhe Paz mas não Igualdade, Deus mas não Deusa, Regina mas não Rainha. Viriato, Bartolomeu Perestrelo e Vasco da Gama pode, Portugal é que não. E se pode chamar-lhe Tiara, por que não há de chamar-lhe Pérola? Mistérios…
Emoções
|O que não chamar ao seu filho
Antes de reabilitar Lisdália e Lindorfo, pense duas vezes no nome que vai acompanhar a sua criança para o resto da vida.
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