
Enquanto mulheres, temos o poder de fazer escolhas que beneficiam o nosso corpo e, simultaneamente, protegem o nosso planeta. É sobre esta convergência entre saúde feminina e sustentabilidade ambiental que vos venho falar hoje.
Ao longo da minha carreira como ginecologista, tenho testemunhado uma crescente consciencialização sobre a importância de opções contracetivas mais naturais e ecológicas. Esta mudança de paradigma levou-nos atualmente ao conceito de “contraceção verde”, que coloca em destaque o uso de estrogénios naturais em vez dos seus equivalentes sintéticos.
Mas o que são exatamente estes estrogénios naturais e por que razão estão a ganhar tanta importância? Os estrogénios naturais, apesar de serem fabricados em laboratório, são muito parecidos com as hormonas produzidas no corpo humano. Já os outros estrogénios também imitam a ação dos estrogénios endógenos, mas com algumas diferenças estruturais.
Estas diferenças, aparentemente subtis, têm consequências tanto para a nossa saúde como para o ambiente. Os estrogénios naturais sofrem uma metabolização diferente no organismo, reduzindo potencialmente os efeitos secundários e os riscos associados à terapia hormonal.
Imaginemos, por um momento, o percurso de uma pílula contracetiva depois de a tomarmos. Uma parte destas hormonas não é absorvida pelo nosso corpo, sendo excretada juntamente com uma outra parte que foi absorvida e transformada no organismo noutras substâncias ativas. Este conjunto é excretado do corpo humano e entra no sistema de águas residuais. Os sistemas de tratamento de água convencionais não filtram completamente estas substâncias, o que significa que elas acabam nos nossos rios, lagos e oceanos.
Os estrogénios sintéticos, devido à sua estrutura molecular diferente, provocam uma interferência importante no meio ambiente. Isto pode levar a desequilíbrios nos ecossistemas aquáticos, afetando a vida selvagem de formas que apenas agora começamos a compreender. Por exemplo, têm sido observadas alterações no sistema reprodutivo de peixes em áreas com altas concentrações de hormonas sintéticas na água.
Mas, os benefícios da contraceção verde vão além da sua pegada ecológica mais reduzida. Para muitas mulheres, o uso de contracetivos com estrogénios naturais resulta numa experiência mais positiva. Vários relatos de utilizadoras que notam uma melhoria significativa no seu bem-estar geral após a mudança para estas opções mais naturais.
Os estrogénios naturais parecem ter um menor impacto metabólico no nosso organismo, isto pode traduzir-se em benefícios como uma melhor regulação do humor, menor retenção de líquidos e uma libido mais estável. Algumas mulheres relatam até uma melhoria na qualidade da pele e do cabelo.
É importante ressalvar que, como em todas as decisões médicas, a escolha do método contracetivo deve ser feita em consulta com um profissional de saúde. Cada mulher é única, e o que funciona bem para uma, pode não ser a melhor opção para outra.
A contraceção verde representa um passo importante na direção de um futuro onde a saúde das mulheres e a saúde do nosso planeta estão intrinsecamente ligadas. Ao optarmos por métodos contracetivos mais naturais e ecológicos, estamos a fazer uma escolha que beneficia não só o nosso corpo, mas também o ambiente que nos rodeia.
Convido-vos a explorarem estas opções com o vosso médico e a considerarem o impacto mais amplo das vossas escolhas contracetivas. Juntas, podemos criar um futuro mais saudável e sustentável, um ciclo de cada vez.