Entre patetices inocentes e verdadeiros filmes de terror, há quem tenha feito o seguinte:
Os ‘gourmets’ – Quem nunca comeu a massa crua dos pastéis que atire o primeiro rissol. Era um clássico que hoje caiu praticamente em extinção, sendo que já nenhuma avó faz pastéis ou rissóis. Igualmente clássica era a mania de mergulhar o dedo no saleiro ou na manteigueira (hoje igualmente em declínio, talvez porque as crianças consomem muito mais sal). Havia quem fizesse misturas do tipo pão com azeite, cebola e açúcar. Mas há quem fosse mais requintado e adorasse… pasta de dentes! A dita entrevistada explica que gostava do sabor entre o picante e o mentol e, no intervalo dos filmes, ia à casa de banho para pôr uma noz de dentífrico na boca e deixar aquilo derreter na língua… Uma verdadeira ‘gourmet’.
Os imaginativos – Quem pôde contar com avós igualmente originais lembra que tirava as cortinas da sala e andava com elas enroladas à cabeça ou a arrastar no chão como se fosse um véu de noiva. Também há quem lembre a variante de retirar os pingentes aos candeeiros e usá-los para brincos. Referem mesmo que nunca mais na vida voltaram a ser tão felizes (pergunta: será que as nossas crianças ainda têm avós com cortinas e candeeiros de pingentes?) Um degrau acima na originalidade está a entrevistada que confessou ter modificado várias matriculas de carros com… pastilha elástica preta. Vá lá que não era para sempre. Imaginem a BT a saber disto…
Os gastadores – Começamos a subir na escala do ‘crime’ com os ‘telefonadores’ em série: havia quem não pudesse ver um telefone à frente. Antes da era dos telemóveis (sim, ainda há quem tivesse passado por lá!) havia quem ligasse para o Sr. Zebedeu a perguntar se não tinha vergonha de ser o último da lista, para os primos todos do Brasil, indiscriminadamente para quem quer que fosse e mesmo para as Linhas Eróticas, já para não falar dos que ligavam para o ‘Agora Escolha’ (lembram-se?) para darem um episódio do ‘Dempsey e Makepeace’ em vez do ‘Barco do Amor’. Lição: nunca deixe uma criança e um telefone juntos e sozinhos na mesma sala.
Os perigosos – Havia quem arrastasse os irmãos prédio acima para brincarem aos índios e aos cowboys, alarmantemente, no telhado!Imaginem a mesma coisa nos telhados de hoje, no 25º andar! Frequentemente, quem mais sofria eram os irmãos dos ‘criminosos’, as vítimas mais frequentes dos esquemas diabólicos dos irmãos mais velhos: às vezes, o papel de actor secundário podia ser perigoso. Quase toda a gente fez ‘jantarinhos’ para as bonecas: agora imagine que era obrigada… a comê-los! Foi mesmo o que aconteceu ao irmão de uma ‘cozinheira’ dedicada, que foi obrigado a engolir todos os seus ‘jantarinhos’ (de terra, água e gesso) e acabou nas urgências. Mas um susto ainda maior apanhou quem ia a passar na rua e de repente começou a ver ‘chover’ livros, cadeiras e candeeiros do céu: um furioso de castigo decidiu deitar todo o conteúdo do quarto pela janela, e recrutou o irmão para o ajudar com os móveis mais pesados.
Os nojentos – Atenção: as almas mais sensíveis devem abster-se de ir mais longe. Nem sabemos como vos explicar esta alínea de, bem, de terror, mesmo. O clássico de tirar a pastilha elástica da boca, colá-la debaixo da mesa ao jantar e depois tornar a comê-la não era absolutamente nada ao pé de nojices como: a) Fazer xixi no bacio e despejá-lo para a rua, de preferência na cabeça de alguém. b) Fazer xixi para dentro da gaveta dos lençóis. Mas o prémio de Malvadez Mais Nojenta, e acreditem que é uma história verdadeira, como se diz nos filmes americanos, vai para c) Depois de fazerem, digamos, as suas necessidades, pegarem em bocados das ditas e passarem-nos pela parede (nós avisámos que isto ia ser mau).
Portanto, se a sua criança se limita a fazer uma birra no supermercado de vez em quando, console-se: podia ser muito, muito pior!