“Hoje, não há espaço para amadorismo no que toca à procura de trabalho.” Quem o diz é José Quesada, 35 anos, especialista em gestão de recursos humanos (RH). Já trabalhou para empresas, fez consultoria e há alguns meses criou a sua empresa, a CV-DNA (www.cvdna.com). Por ali se faz também muito trabalho de orientação dos candidatos na sua estratégia de busca de emprego. José Quesada diz-nos que linhas devem orientar-nos na procura de trabalho.
• A carreira não acaba aos 35: O cenário cada vez mais habitual de ler num anúncio de emprego ‘até 35 anos’ faz qualquer um desanimar. Mas sabia que essa discriminação etária é ilegal? Lutar contra a corrente e conquistar um lugar ao sol depende, sobretudo, da sua atitude.
• Selecione bem. Não é por estarmos em crise que nos devemos candidatar a tudo o que aparece. Isso até pode jogar contra si, em termos de coerência. “Há que direcionar mais as suas pesquisas de empresas e de funções a que se quer candidatar. Há uma tendência de desespero que faz com que se chute para todo o lado”, explica Quesada.
• “Inscreva-se em todas as empresas de recrutamento e gere alertas para receber os anúncios de emprego”, aconselha ainda. É interessante fazê-lo, até se estiver empregada, diz. “É bom estar atento ao mercado. Já não estamos 20 anos a trabalhar na mesma empresa. Mas cuidado: se o fizer ‘na desportiva’ pode correr mal para si. Se não recebe respostas, pode sentir-se frustrada por pensar que não tem valor no mercado. E se não está preparada para ser chamada para uma entrevista ou para receber uma proposta de trabalho passa a mensagem de que esteve a brincar com o tempo do recrutador.”
• Encare a busca de emprego como um trabalho. “Em cinco dias da semana, pense em três manhãs, pelo menos, em que se dedica a procurar empresas que façam sentido para a sua carreira. Desse lote, procure aquelas que têm oportunidades em aberto. Identifique quem são as pessoas que, nessas empresas, estão ligadas aos recursos humanos e tente ligar-se a elas.” As redes sociais como o LinkedIn são boas janelas para este tipo de estratégia. No Facebook evite adicioná-los como amigos. “Mas pode sempre mandar uma mensagem simpática e breve, ‘enviei a minha candidatura para a sua empresa. Terei todo o prazer em falar convosco’, sem grandes textos ou mais justificações.” Para as empresas que sobraram e não têm vagas ainda, pode mandar candidaturas espontâneas para uma ‘vaga futura’.
• Mostre autoconfiança. Na entrevista de emprego mostre ao recrutador que acredita em si e na sua experiência. “Estar desempregado não é estar doente! Temos que estar preparados para demonstrar ao recrutador que temos um percurso profissional com valor e o que podemos acrescentar àquela empresa. É importantíssimo demonstrar autoconfiança e autoestima.”
• Esteja preparada para tudo. Do funcionário de hoje espera-se que seja capaz de se adaptar a novas funções e aprendizagens e que seja mais polivalente. “Hoje, as empresas têm menos margem para arriscar em termos de contratação. As pessoas têm que ser mais abertas e flexíveis na sua maneira de trabalhar, nas funções que exercem.” E até no horário ou no salário oferecido… ou na possibilidade de se candidatar a outro tipo de funções ou carreira se tudo o resto falhar.
• Negoceie assertivamente. Estar preparada para tudo não significa que tenha de se contentar com um salário baixo. “Não estamos habituados a negociar as propostas de salário, mas devemos fazê-lo. Pode sempre propor, na entrevista, um aumento se atingir os objetivos em seis meses. Não tem que rejeitar tudo à partida ou fazer-se difícil; recorra sempre à boa comunicação.”
A personalidade faz a diferença
Comunicativa ou reservada? Líder decidida ou braço direito do chefe? As características da personalidade podem ajudar a integrá-la no trabalho certo. Para o descobrir, existem testes de perfil comportamental. José Quesada, que os faz no CV-DNA, explica para que servem: “Todos temos tendências comportamentais e elas podem gerar tensões e conflitos ou encaixar muito bem umas nas outras. Com este teste pretende-se ajudar o candidato a conhecer-se melhor, a confirmar alguns dos seus comportamentos e a perceber o que pode alterar neles, se quiser. Para o recrutador, serve para saber se essa pessoa encaixa na equipa.” O teste tem 50 anos mas hoje é feito em 10 ou 15 minutos, num tablet, e pode dar uma mais-valia ao seu currículo.
Atualmente, alguns dos traços de personalidade que as empresas mais procuram nos candidatos são flexibilidade, autoconfiança, persistência e proatividade.