Não é um nome simpático. Juntar ‘peeling’ e ‘químico’ na mesma expressão tornou este tratamento estético um bicho papão para algumas mulheres (e homens) que se focam na aplicação de ácidos e na descamação da pele como algo particularmente agressivo para a pele e com inúmeros riscos. Mas será mesmo assim? Do que estamos exatamente a falar quando nos referimos a este procedimento?
Vamos começar pelo princípio. O que são peelings químicos? Não são nada mais do que a aplicação, sobre a pele, de diferentes ácidos (um ou mais) que têm como objetivo promover a renovação das diferentes camadas da pele (epiderme e/ou derme). Este processo pode ou não provocar a descamação da pele – depende sempre do tipo e quantidade de produto utilizado e da zona onde for aplicado. Indicado para tratamento de acne, manchas na pele ou rejuvenescimento, os peelings químicos têm diversas finalidades e muitas vantagens, sendo duas delas o facto de serem maioritariamente indolor e minimamente invasiva, como nos explicou o médico David Valverde.
– Quando entram no consultório para realizar um peeling químico, quais os principais medos que as pessoas partilham consigo?
O próprio nome pode ser assustador por si só. No entanto este é um tratamento seguro e altamente eficaz. Os principiais medos surgem do mito que se gerou em volta deste tipo de procedimento. O pós tratamento pode fazer com que o paciente se sinta desconfortável com a reação de amigos, familiares e, ou colegas. Há um estigma relacionado com a ‘descamação’ que o procedimento poderá provocar no pós.
Existe um dia perfeito para fazer um peeling?
Fazendo a sessão a uma quarta-feira, o paciente consegue continuar a trabalhar e a realizar as suas tarefas diárias sem impedimentos. A descamação acontece cerca de dois dias depois, permitindo que o paciente descanse durante o fim-de-semana e não precise de sair à rua enquanto os efeitos se revelam.”
– Quanto tempo dura uma sessão? E quantas são recomendadas, com que intervalo de tempo?
Uma sessão dura em média 30 a 45 minutos. O número de sessões realizadas depende sempre da resposta da pele do paciente ao procedimento. Se uma pessoa por si já tem cuidados com a sua pele antes do procedimento, os resultados podem ser atingindos mais rapidamente. Em média são realizadas 4 a 6 sessões espaçadas a cada 3-4 semanas. Para manutenção está preconizada uma sessão a cada 2 meses.
– Relativamente ao grau de desconforto, de 0 a 10, como o classificaria?
Classificaria como um 2-3. Não numa escala de dor mas sim de “ardor”. Embora leves os sintomas, é de relembrar que a região submetida ao peeling sofre um processo inflamatório agudo, por isso há um ligeiro desconforto, vermelhidão e calor local o que é perfeitamente normal quando se executa este tratamento.
– Quando se fala de associar o microagulhamento ao processo, exatamente a que se refere?
Associar um procedimento de microagulhamento é utilizar-se uma sinergia entre diferentes técnicas de medicina estética. Um microagulhamento é uma técnica na qual se utiliza um pequeno equipamento que realiza microperfurações na pele. Estas, provocam um aumento da produção de colagénio durante a reparação da pele; aumentam a permeabilidade de ativos existentes nos produtos que são aplicados; e melhoram a comunicação entre células responsáveis por manter a função barreira, pigmentação, e elasticidade das fibras de colagénio e elastina da pele. Algo que nunca se consegue com a aplicação de um produto puramente cosmético.
– O que é a “neutralização” de um peeling?
Quando se faz um tratamento peeling aplicam-se ácidos em diferentes concentrações, a neutralização consiste em neutralizar esse ácido e anular dessa forma as suas propriedades.
– Após o peeling, e sendo Portugal um país de sol, mesmo nas estações frias, durante quanto tempo é desaconselhada a exposição solar?
É sabido que as estações do ano ideais para a realização de um peeling são o outono/inverno. Uma vez que a pele passa por um processo de “agressão” e se encontra em recuperação nos dias seguintes, o uso de protetor solar de forma cuidada é fundamental. O protocolos utilizados são minuciosamente estudados e a utilização de protetor solar é o passo final antes do paciente sair do gabinete. Desaconselho a exposição solar direta no espaçamento entre tratamentos. Com maior enfoque na primeira semana pós procedimento.
De relembrar que o protetor solar deve ser sempre utilizado diariamente independemente da estação do ano e da realização ou não de um tratamento estético.
– E quando se pode retomar o uso de maquilhagem?
Tendo em conta que durante a primeira semana a pele se encontra em processo de regeneração pós “agressão”, desaconselho o uso de maquilhagem durante esse período. Contudo nos peelings menos agressivos, há quem aplique entre 24 a 48 horas depois do procedimento, sem qualquer problema.
– Em que situações é que este tipo de tratamento não pode ser realizado?
Em qualquer procedimento médico, há sempre que selecionar bem o paciente e daí ser fundamental a realização de uma boa história clínica e de ser um médico a realizar o peeling. O procedimento é contraindicado em pacientes com infeções e lesões abertas; doenças de pele (ex: psoríase ou dermatite atópica); grávidas ou mães que estejam a amamentar, pessoas que sofram de Herpes, alergia a alguns dos componentes utilizados, entre outros.
– Qual o valor de cada sessão?
O valor de cada sessão pode variar consoante a necessidade do paciente. Contudo, cada sessão geralmente ronda os 150 euros.