Ainda devem estar presentes na memória de muitas de nós os títulos sensacionalistas que invadiram a Internet quando Kim Kardashian recorreu a um tratamento estético que faz uso do nosso plasma para rejuvenescer o rosto. No convite ao clique, surgiram frases do estilo “Kim Kardashian injeta o seu próprio sangue na cara” e rapidamente esta técnica da medicina estética foi batizado como o “tratamento do vampiro” (em inglês soa melhor e ficou conhecida como ‘vampire facial’). Foi desta forma que o PRP (Plasma Rico em Plaquetas) começou a suscitar a atenção, o que é normal quando celebridades com milhões de seguidores experimentam seja o que for, mas com um lado menos bom: há sempre muita desinformação à mistura e perdem-se as respostas às questões que efetivamente importam. É seguro? Apresenta resultados? É mesmo o sangue que torna o nosso rosto vermelho durante e após o tratamento? E dói muito, muito, muito ou só um bocadinho?
Para tirarmos todas as dúvidas, nada melhor do que ir à ‘fonte’, ou seja, conversar com quem efetivamente percebe do assunto. Todas estas questões foram respondidas pelo médico de medicina estética Pedro Melo. Mas como um trabalho bem feito não fica completo se não for levado até ao fim, sim, experimentámos o PRP e dizemos-lhe como correu.
Entrevista feita, chegou a parte de experimentar, com um leve nervosismo à mistura. A parte do tirar sangue foi rápida e indolor – praticamente não senti a agulha, sendo que o meu truque nestas situações é sempre olhar para o outro lado. A aplicação de um creme anestesiante no rosto minutos antes de se iniciar a aplicação – enquanto o nosso sangue está literalmente na centrifugadora – revelou-se eficaz. De 0 a 10, o grau de desconforto foi um 3, (desconforto, não dor), sendo que como não parei de fazer perguntas durante o tempo todo também desviei a atenção do facto de que me estavam a fazer microperfurações na pele.
No final da sessão, que não demorou mais de 30 minutos, estava mais do que curiosa para ver se a minha cara parecia mesmo a de um vampiro. Desilusão! Apenas apresentava uma ligeira vermelhidão na zona das maçãs do rosto, porém nada que pudesse chamar a atenção a terceiros – mas atenção, que aqui entra a reação de cada pele ao tratamento e há pessoas que podem efetivamente ficar com a pele mais vermelha nas horas seguintes à sessão. À medida que o efeito do creme anestesiante passou, e já fora do consultório, senti efetivamente a pele mais sensível e com ligeiro ardor, mas foi efeito de poucas horas. No dia seguinte já não estava vermelha, apenas a senti mais reativa, nomeadamente ao sol (que evitei, mas ao qual não consegui fugir enquanto conduzia). Decorridas 48 horas, retomei a rotina normal de skincare, sem esquecer o uso de protetor solar.
Realizei três sessões com intervalos de cerca de 4 semanas e, de facto, há um efeito visível a partir dos primeiros dias após a primeira sessão, que se vai consolidando com o passar das semanas. A pele ganha brilho, firmeza e perde aquele ar cansado e baço que vem com a idade, mas não só: das noites mal dormidas, do stress, da exposição ao sol e aos ecrãs. Dei por mim a sentir necessidade de usar menos base – na verdade, apenas um protetor solar de rosto com cor tornou-se bastante para a minha rotina diária – e senti um acréscimo de firmeza e brilho. Conclusão: Para quem procura tratamentos não invasivos para melhorar o aspeto geral da pele, esta é sem dúvida uma excelente opção. Ou seja: as celebridades estavam cheias de razão com tanto entusiasmo, mas nisto não podemos nunca esquecer: deve-se sempre confirmar com quem sabe do assunto.
Agradecimentos: Dr.Pedro Melo, ArtBeauty Clinic, Av. Fontes Pereira de Melo 31, 1050-117 Lisboa