Lutava há 10 anos contra o cancro na garganta e pulmões. Sylvia Kristel, a atriz holandesa que se tornou internacionalmente conhecida como a estrela da série de filmes ‘Emmanuelle’, morreu ontem à noite, durante o sono, como informou por comunicado a sua agente.
Sylvia começou a carreira como modelo mas foi em 1974 que a oportunidade no grande ecrã surgiu, com o convite para protagonizar a saga erótica ‘Emmanuelle’, que contava as aventuras sexuais de uma jovem mulher, casada com um diplomata, rodadas em cenários exóticos como a Tailândia.
‘Emmanuelle’ ficaria na história do cinema como um dos primeiros filmes para adultos feitos para o grande público, tornando-se uma referência na história do cinema.
Sylvia, refletindo sobre o sucesso da série ‘Emmanuelle’, lembrava que se devia, em grande parte, ao facto das leis de censura estarem a mudar em muitos países – e Portugal era um deles –, levando ao cinema público sedento de novidades eróticas. Curiosamente, no Reino Unido, o filme só era exibido em poucos cinemas e com grandes cortes nas cenas mais quentes. A versão completa só foi exibida em 2007, como lembra a BBC. Em Paris, foi banido dos cinemas durante seis meses. A controvérsia acabou por se tornar uma receita rápida para a fama e tornou Sylvia Kristel numa celebridade à escala mundial, facto de que disse nunca se ter arrependido. “É difícil pensar num papel melhor”, disse em entrevista em 2001.
Nascida em Utrecht em 1952, os primeiros anos de Sylvia Kristel foram marcados por uma forte educação com base na fé calvinista. Durante a adolescência, e talvez para fugir a ela, sai de casa e muda-se para Amesterdão, onde trabalhou como secretária e empregada de mesa. Aos 21 anos, ganha dois concursos de beleza, o Miss TV Holanda e o Miss TV Europa. Foi o namorado de então, o escritor belga Hugo Claus, que a convenceu a tentar uma carreira na representação.
Na sua autobiografia, ‘Nue’ (Nua), Sylvia faz confissões sobre a sua vida pessoal conturbada, falando abertamente sobre períodos de adição em álcool e cocaína e sobre a necessidade de encontrar, em relações amorosas com homens mais velhos, a proteção e amor de uma figura paterna. Hugo Claus tinha mais 27 anos que ela. Juntos tiveram um filho, Arthur. Seguiu-se um relacionamento de cinco anos com o ator Ian McShane, uma década mais velho, com quem se mudou para Los Angeles.
Foi casada com o empresário norte-americano Allan Turner, de quem se viria a divorciar cinco meses mais tarde, e com o produtor de cinema Phillippe Blot, matrimónio que, segundo Kristel, a levou à falência. Viveu os últimos 10 anos ao lado do produtor de rádio belga, Fred De Vree.
O funeral será privado, informou a agente.