Quando vemos as modelos nas revistas, com uma pele perfeita e extremamente magras, torna-se difícil não sentir um pouco de insegurança relativamente ao próprio corpo. Mas muitas destas fotografias são afinadas com ferramentas de tratamento de imagem e até as próprias modelos o admitem.
Do alto do seu 1,78m de elegância, a modelo Doutzen Kroes, que é um dos ‘anjos’ da Victoria’s Secret, afirma que não se parece com as fotografias que são publicadas. “Às vezes sinto-me culpada por estar numa profissão que deixa algumas raparigas inseguras. Digo sempre que não sou como na fotografia’“, explicou ao New York Post. A modelo vai ainda mais longe: “Se me puserem debaixo de uma luz fraca, sem maquilhagem e com os cabelos por arranjar, não fico bem. Às vezes acordo e penso, ‘não é isto que eu vejo quando olho para a revista. Afinal quem é esta pessoa na casa-de-banho?‘”.
Doutzen referiu que há raparigas que “pensam que têm de ser como aquela foto”, algo que não existe mas que se tornou muito presente na sociedade atual. “Até os homens acreditam que a rapariga daquela imagem existe”, acrescentou.
Várias modelos da Victoria’s Secret têm revelado o descontentamento em relação ao uso exagerado de ferramentas de tratamento de imagem, como o Photoshop, nas fotografias.“Eu sinto que pareço outra pessoa. Acho que não é justo… Ficas melhor, mas é falso”, disse Erin Heatherton.
Cindy Crawford já comentou no mesmo sentido, de forma divertida: “Nem eu acordo a parecer a Cindy Crawford”.
Apesar da sinceridade das modelos, as mudanças ainda tardam em aparecer. Kroes e Heatherton podem não gostar de serem tão retocadas, mas as fotos são retocadas digitalmente de qualquer maneira. Poucas modelos assumem uma posição mais drástica. Coco Rocha é uma das profissionais das passerelles que mais se manifesta contra as alterações do Photoshop. No seu contrado para ser a protagonista da campanha da marca canadiana de moda Jacob, constava uma cláusula que determinava que as fotos não iriam ser alteradas digitalmente antes de serem publicadas. A modelo também criticou publicamente o tratamento de imagem feito pela revista Elle Brasil, em que Coco era o rosto da capa. “Estou extremamente desapontada, dado que os meus desejos e contrato foram ignorados. Acredito que todas as modelos têm o direito de estabelecer como são retratadas e, para mim, essas regras foram claramente negligenciadas”, escreveu Coco Rocha no comunicado. Coco não concordou com o tratamento de imagem usado para parecer que estava a mostrar muito mais pele do que estava, na realidade.
As mudanças neste campo continuam a ser lentas, mas talvez sejam necessárias para que muitas mulheres se sintam menos inseguras com a sua imagem e se apercebam que a perfeição só surge com o rato do computador.