Se não se chamasse Nuno gostava de se chamar como?
Michael Caine. Atenção, não estou a dizer que gostava de
ser o Michael Caine. Estou só a dizer que se me chamasse como ele, só isso já
seria extremamente fixe.
Passou faturas em nome de Passos Coelho?
Por acaso não calhou, mas tudo o que possa ser feito para
chagar a paciência deste Governo, contem comigo.
Quem foi numa vida passada?
Recentemente disseram-me que na Idade Média fui um tipo
que acabou por ser enterrado vivo. O que é capaz de explicar a minha
claustrofobia. Durante umas filmagens de um videoclip da banda Os Lacraus
era suposto ser metido no porta-bagagens de um carro, amarrado, pelo Miguel
Ângelo dos Delfins. Ainda o Miguel não tinha fechado a porta, já eu estava a
saltar lá de dentro em histeria. Malditos medievais!
O que é que canta no duche?
Há dias dei por mim a cantar Graciano Saga. Uma das mais
mexidas, tipo o Xing Xing Xai. Raras vezes levo para o duche canções imortais e
importantes. Não combina. Uma vez tentei cantar Pink Floyd no duche e correu
mal, entrou-me espuma para os olhos e tudo.
Aos pés de quem é que se ajoelhava?
Ajoelhei-me para pedir a minha mulher em casamento,
quando lhe dei não um anel de noivado mas uma mesa de matrecos de noivado. Ela
é uma fã de matraquilhos. E dá-me cada abada de golos que eu até ando de lado.
De resto, posso ficar esmagado, embevecido perante grandes figuras – fiquei
assim quando conheci o Jerry Seinfeld e o Terry Jones – mas mantenho-me de pé.
Já basta as tristes figuras que faço quando estou em pé, não preciso de me pôr
de joelhos.
Andar de bicicleta no Marquês ou conduzir até
Badajoz de carro?
Como continuo a não saber andar de bicicleta (uma das
grandes lacunas traumáticas da infância), de bom grado conduzo até Badajoz.
Tem algum limite em termos de humor?
À partida não. Avançar para um projecto de humor com uma
lista prévia do que não pode ser feito ou dito é meio caminho andado para as
coisas correrem mal. A mente deve estar sempre aberta e o único limite, à
partida, é o da graça: será que isto tem ou não tem graça? Recentemente vi um
filme chamado 50/50: a proeza daquele filme foi conseguir fazer uma comédia em
torno de um cancro. Baseou-se na experiência do próprio argumentista e
conseguia fazer rir e comover de uma forma muito humana.
Chora nos filmes?
De vez em quando emociono-me, mas não me lembro do último
filme em que lágrimas brotaram. Sei que quando a Ana estava grávida
emocionava-se com qualquer filme e eu, que sou um tipo influenciável, ia atrás.
Acho que, tal como ela, chorei com o ‘Star Trek’ do J.J. Abrams.
O que é que queria ser quando era pequeno?
Passei pelos clássicos – bombeiro e médico – até perceber
a dimensão testicular requerida para executar essas profissões. Percebi o que
queria fazer por pura necessidade de sobrevivência no recreio da escola. Fazia
caricaturas e piadas para ter amigos. Percebi que talvez me safasse o resto da
vida se fizesse isso.
Cidade favorita
Londres tem uma mística especial. Desde que lá fui pela
primeira vez que sinto que é um sítio onde eu podia ter nascido e vivido. Mesmo
com o tempo cinzento e tudo. Sempre que digo isto a alguém de lá, são capazes
de me bater, porque o sonho de boa parte daquelas pessoas é vir viver para o
Sol de Portugal. Eu gosto do Sol, mas – não sei se por força de tantos anos de
cultura televisiva, musical e radiofónica britânica, sinto-me muito bem em
Londres.
Séries favoritas:
Há três: Dexter, Breaking Bad e Mad Men. Nas comédias,
choro a rir actualmente com o Louie e o Parks and Recreation.
O que é que o enternece?
Por muito lamechas e previsível que isto soe, o meu
filho. Fico imenso tempo a olhar para ele, feito parvo.
Um medo
Para além da claustrofobia, o medo de não ter meios para
assegurar um futuro para o meu filho. Por muito que as coisas possam não estar
a correr mal, hoje em dia a sensação de que nada dura – sobretudo o dinheiro e
essa coisa tão relativa e efémera como “o sucesso” – é bem real.
Um capricho gastronómico
Recentemente descobri que sou fã de choco frito. Tem de
ser bem feito, mas não é preciso estar sempre a ir a Setúbal para o encontrar.
Há um restaurante no meu bairro de infância, Benfica, onde se encontra
maravilhoso choco frito – o Ferro de Engomar!
Uma ideia
Neste momento ando a magicar a ideia de criar uma série
cómica de terror para o Canal Q, uma coisa algures entre a Twilight Zone e o
Duarte e Companhia. Abençoado Canal Q pela liberdade que dá para experimentar!
Um gadget
O iPad acompanha-me para todo o lado. É a minha vida
profissional em formato portátil.
Um vício secreto
Adorava que o meu vício de roer as unhas fosse mais
secreto, mas infelizmente os meus dedos falam por si.
Um país para emigrar
Inglaterra, caso me dessem emprego numa produtora como a
Baby Cow ou a Zeppotron, que estão a criar as coisas mais inovadoras da britcom
hoje em dia. Nem que fosse para servir lá cafés.
Uma superstição:
Várias, mais do que as que quero admitir para mim mesmo
que tenho. Bater em coisas pretas quando passa um carro funerário. Não passar
por baixo de escadas. E cá no fundo sei que isto não faz muito sentido, mas são
anos e anos de coisas que nos metem na cabeça. Às tantas é automático:
“Uma escada encostada à parede? Deixa-me cá dar a volta por
fora.”
Coleciona alguma coisa?
Filmes, sempre. E brinquedos ligados a filmes e séries de
TV. Alguns são raridades. Tive de parar porque a dada altura já começavam a
ganhar espaço às pessoas! Tenho algumas coisas que comprei há anos a preços
baixos e que com o passar do tempo passaram a valer rios de dinheiro, como umas
figuras dos Cães Danados que foram retiradas das lojas por alturas do 11 de
Setembro (uma delas era o polícia a quem o Michael Madsen corta a orelha no
filme).
O melhor super-herói de todos os tempos?
O favorito desde tenra idade é o Homem-Aranha. Tinha uma
quantidade insana de coisas, entre revistas, brinquedos, caricas do Fruto Real,
cadernetas de cromos… Depois com o crescimento passei a seguir mais os
caminhos mais negros do Batman, seja nas BD do Frank Miller, seja nos filmes do
Tim Burton e agora do Christopher Nolan. Mas continuo fã do Spidey. Diverti-me
como um gaiato com o último filme do Homem-Aranha em 3D.
Um desabafo:
Quem me dera dormir mais!
A melhor traquitana para deixar ao seu filho:
As minhas colecções de DVD dos Simpsons e do South Park.
Com o recado: “Meu filho, a vida é um bocado isto.”