Recentemente, fui a uma loja de cosméticos para comprar um batom. Como era suposto ser uma coisa rápida e a máscara continua a ser obrigatória nestas lides, não me maquilhei e confesso que estava bastante ‘básica’. Logo à entrada, fui recebida por uma funcionária que, entre as saudações do costume, não resistiu a dizer-me que as minhas sobrancelhas “são perfeitas”.
Ora, dadas as circunstâncias, este é um dos melhores elogios que uma mulher com metade do rosto coberto pode receber nos dias de hoje. “Obrigada! Fiz uma dermopigmentação!” respondi. Uma revelação que foi recebida com imensa surpresa. “A sério?! Não parece nada! Estão super naturais! Realmente, a técnica faz toda a diferença”. Embora o elogio tenha sabido bem, não estou a contar isto por uma questão de ego, mas porque a conselheira de beleza tocou num ponto importantíssimo: no que diz respeito a este procedimento, a escolha do espaço e do profissional é crucial e merece alguma (OK, muita) pesquisa prévia.
Por já conhecer o trabalho da Angella Lemos, da WeCare4You Clinic, que tem precisamente na dermopigmentação uma das suas especialidades, a escolha acabou por ser fácil. Aproveitei a minha visita mais recente ao espaço, que fica no nº72 da Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, para registar tudo o que acontece na primeira sessão (veja no vídeo) e partilhar as lições que aprendi no processo.

Aperfeiçoa-se a moldura do rosto
As sobrancelhas não são gémeas, são irmãs. A dermopigmentação pode ser muito útil não só para corrigir assimetrias, mas também falhas e até mesmo a direção dos pelos. Este procedimento consiste em aplicar pigmentos na derme, ou seja, na segunda camada da pele, por meio de um aparelho chamado dermógrafo. Com estímulos de corrente elétrica e uma agulha descartável acoplada, o instrumento, que é parecido com uma caneta, permite desenhar fio a fio ou fazer um sombreado para preencher a área. No meu caso, a Angella usou uma técnica híbrida – fio a fio no início e shadow do meio para o fim – para chegar ao resultado pretendido.
Copy-paste dá erro
É importante sublinhar que, quando bem feita, a dermopigmentação tem como base o visagismo e respeita os traços únicos de cada pessoa. “Não sou fã do ‘copiar e colar'”, diz-me a especialista, fazendo referência à utilização de um design standard para todas sobrancelhas. Segundo Angella, cabe aos profissionais respeitar três coisas de suma importância: o formato do rosto, a estrutura do olhar e a direção dos pelos. Só assim será possível encontrar o design mais adequado em cada caso.
“Praticidade” é a palavra de ordem
A dermopigmentação chegou para nos facilitar a vida, permitindo que a manutenção passe a ser feita de forma autónoma em casa. Como as sobrancelhas já estão estruturadas, basta remover os pelos que cresçam fora do design com uma pinça et voilà! Além disso, para quem gosta de usar maquilhagem, poupa tempo de manhã. E as vantagens não ficam por aí. A durabilidade deste procedimento temporário pode ir de sete meses a um ano e meio, variando de pessoa para pessoa e, claro, dependendo da rotina de cuidados.
A analogia da parede
Terminada a sessão, pense nas suas ‘novas’ sobrancelhas como uma parede pintada de fresco. É preciso esperar que ela seque para podermos tocar-lhe, certo? Foi assim que a Angella me explicou que eu deveria esperar alguns dias até voltar a treinar, uma vez que “a água e o suor não combinam com o procedimento”. Além dos exercícios físicos intensos, convém evitar aplicar água quente ou morna no rosto nas primeiras 24 horas, ir à praia, piscina ou sauna durante uma semana e, por fim, a exposição solar numa fase inicial. O que se pode (e deve) fazer é hidratar a área com uma pomada específica, usar água termal para acalmar a pele e aplicar protetor solar diariamente – algo que já deveríamos fazer de qualquer forma.
O barato pode sair (bem) caro
Há quem fique desencorajado com o preço da dermopigmentação, que ronda os 200 euros. Mas, se pensarmos bem, estamos a falar de um procedimento bastante trabalhoso, delicado e detalhista, que é feito no rosto das pessoas (o nosso cartão de visita). Ele exige técnica e um grande investimento da parte dos profissionais – cada formação custa, em média, dois mil euros. Também é preciso ter em conta a questão da compra do material. Por exemplo, só o dermógrafo que a Angella utiliza custa três mil euros. “Ninguém imagina que uma coisa tão pequenina seja tão cara”, diz-me, entre risos.
As agulhas descartáveis também devem ter uma boa procedência e passar por um processo de esterilização minucioso, para que não ocorra nenhum tipo de alergia ou incompatibilidade com o organismo. Mesmo que seja microscopicamente, é importante lembrarmo-nos de que os profissionais estão a furar a pele e que ela pode ser contaminada através de patógenos. “Se eu não trabalhar com material de qualidade, posso causar uma infeção grave no cliente”, sublinha. Recebemos literalmente aquilo por que pagamos, para o bem e para o mal, e parece-me que todos estes fatores, aliados à durabilidade dos resultados, justificam o valor final.
Sim, há contraindicações
Existem alguns segmentos de população que não estão elegíveis à realização da dermopigmentação, nomeadamente pessoas que tenham antecedentes alérgicos a tintas e pigmentos, grávidas, diabéticos ou indivíduos que tomem medicamentos anticoagulantes, por conta do lento processo de cicatrização, e quem tenha histórico de quelóides.
A experiência retratada neste artigo aconteceu a convite da marca e o texto reflete a opinião pessoal dos autores.