Não é que um homem, do alto da sua boa vontade, de coração aberto, não possa apaixonar-se por alguém que lhe faça a vida num Inferno. Ou que coisas mais graves como a violência doméstica não tenham mulheres como agressoras e homens como vítimas. Mas perdi a conta às mulheres (e isto, só casos que conheço) que se mantêm ao lado de namorados ou maridos problemáticos – ou conservam relações disfuncionais em on/off, arriscando a sua saúde, a sua auto estima, a sua sanidade mental. Diminuindo-se para agradar, vivendo a 50%, transformadas numa sombra de si mesmas.
Os planos feitos em comum (noivado, casa comprada, casamento, filhos, constrangimentos económicos) são a explicação mais pragmática. Depois, o velho quanto mais me bates, mais gosto de ti pode explicar muita coisa – o bad boy dominador, mesmo que seja o cobarde que geralmente é, pode passar à primeira vista pelo macho alfa protector e assertivo, pelo Knight in Shining Armour ao qual, por memória genética, a maioria almeja – e quando se dá pelo engodo, está-se demasiado envolvida para pensar racionalmente.
Mas há algo que só recentemente descobri, depois de ter visto algumas das mais fortes e independentes mulheres que conheço a passar por casos de violência psicológica e não só. A ideia de que só raparigas ingénuas, com baixa autoconfiança ou vindas de meios desestruturados caem nesse conto não podia estar mais longe da verdade. Mas entre as mulheres fracas e as fortes a única diferença é a capacidade de escapar a tempo – normalmente quando estão quase, quase a tornar-se noutras pessoas (os sinais são bem claros: pisar ovos; um receio inconsciente de desagradar; morder a língua quando isso não é hábito; depressão, etc).
E porque é que isto acontece? Primeiro, pela mania (também ela, digo eu, genética) de tentar salvar tudo, arranjar tudo.
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