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Recordámos alguns tipos e pedimos conselho especializado à psicóloga Teresa Paula Marques, que nos deu alguns conselhos sobre a melhor maneira de manter a paz no (seu) mundo.

A mãe picuinhas – Deve ser a mais comum. Toda a gente ou teve uma mãe picuinhas, ou é uma mãe picuinhas (pois, às vezes é mais forte do que nós) ou conhece pelo menos uma. A mãe picuinhas quer um relato passo-a-passo daquilo que vai acontecer ao seu rico filho segundo por segundo. Quer saber onde é que vão, se voltam às 4.5 ou às 4.6, se o filme é mesmo para maiores de 6 ou para maiores de 12, se a ASAE já fiscalizou o parque onde vão, se vão comer gelado porque ele já comeu uma bolacha e não convém abusar dos doces até porque ele tem um tio que é obeso, graças a Deus que é da parte do marido dela, que na família materna não há maus exemplos tirando o tio Alfredo que deu em trolha mas mesmo assim era magro que nem um espeto. Às tantas, você diz-lhe a tudo que sim, sem ouvir o que ela está a dizer.

O que fazer: Concordar. Cala-se mais depressa. “Sim, é de facto dizer-lhe que sim a tudo é o melhor a fazer”, ri Teresa Paula Marques. “A mãe picuinhas é obsessiva e não consegue ficar sem respostas. Evite alongar-se muito em explicações e aceite as recomendações que ela lhe der, mesmo que as considere absurdas e saiba de antemão que não vai colocar nada em prática!”

A mãe hipocondríaca – É uma versão da picuinhas permanentemente sintonizada na ‘Anatomia de Grey’. Doenças é com ela, principalmente as que a criança (não) tem. Avisa logo que, se está frio, ele não vai ao parque porque pode constipar-se e apanhar uma pneumonia e o avô dele morreu de pneumonia (tinha 104 anos, é verdade, mas foi a pneumonia que o tramou). Também não pode beber coisas geladas porque pode apanhar uma amigdalite, nem sair sem gorro porque pode apanhar uma otite, aliás é melhor mesmo nem pôr os pés fora de casa, seja em que tempo for, porque pode apanhar qualquer coisa acabada em ite, como por exemplo grite, ai, gripe, a começar logo pela A, e ir ao parque nem pensar porque pode cair e partir a cabeça ou as pernas (as duas).

O que fazer: Proteja a criança… da sua própria mãe. Pelo menos enquanto estiver consigo. “Tente transmitir-lhe segurança dizendo-lhe que tem o curso de socorrista e que muitos dos seus amigos são médicos”, sugere Teresa Paula Marques. “Talvez assim consiga salvar uma criança de viver dentro de uma redoma!”

A mãe abandónica É a mãe de filhos orfãos. Não nasceu para ser mãe, nem parece fazer muito para mudar esse estado de coisas. Larga o filho em sua casa sem mais aquelas, sem quase lhe dizer adeus, nem avisa quando vem buscá-lo nem se há alguma coisa que ele não pode comer. Volta – quando volta – tardíssimo, sem uma palavra de desculpas, como se fizesse parte da sua obrigação aturar-lhe o filho. Às vezes, quando já tem mais confiança, larga-o em sua casa para ir às compras durante o fim de semana. Você fica transformada numa espécie de ATL, a usar quando conveniente, mas depois ela nunca retribui: quando se lhe pede para ficar com as crianças, nunca lhe dá jeito, nunca pode, hoje porque vai ao cinema, amanhã porque vem o canalizador, depois porque tem um almoço com os avós. Mas faz um sorriso tão encantador que a pessoa fica desarmada e lá vai tomando conta do Joãozinho, fazendo de segunda mãe do Joãozinho, até ao dia em que se mudam todos para Trás-os-Montes e os únicos que sofrem são o Joãozinho e você, que já se habituara a ele e de repente nunca mais o vê. É um pouco como ser mãe de acolhimento. Deixa sempre sequelas afectivas.

O que fazer: Em primeiro lugar, não a trate como se ela tivesse a sua cabeça. Esta pessoa não é igual a si: perceba isto. “A má noticia é que este tipo de pessoa é negligente em relação a tudo, não só aos filhos, portanto não espere uma palavra de agradecimento da parte dela”, explica Teresa Paula Marques. “Para este tipo de pessoa você não passa de mais um meio para atingir os seus fins – livrá-la do filho durante um bom tempo. Dê carinho à criança (ela sim vai agradecer-lhe) e ignore a mãe.”

A mãe melga – É uma picuinhas, mas nem sequer tem a desculpa da preocupação, porque fala de tudo e mais alguma coisa. Quando ferra, não larga: apanha-a à porta e não descansa enquanto não lhe conta o que é que ele comeu, quantas doenças teve desde pequenino, o que é que fizeram na semana passada e nesse dia desde que se levantaram e em toda a sua vida. Socorro!

O que fazer: Não entre em pânico: tenha previamente preparado um plano de contra-ataque. “Este tipo de mãe é uma “sósia” da mãe picuinhas, mas numa versão mais refinada”, nota Teresa Paula Marques. “O que tem a fazer é, literalmente, fingir que ouve tudo, ir acenando com a cabeça e pensar noutra coisa. Não vale de nada interrompê-la, porque só irá fazer com que ela se desoriente e comece a contar a história desde o início. Não a interrompa, oiça alguns minutos e depois olhe para o relógio, faça um ar assustado e diga que já está atrasadíssima para uma reunião. Não hesite, dê-lhe dois beijos e desapareça!”

A mãe desgraçada – É uma passiva-agressiva. A vida dela é um permanente rol de desgraças: ou é o cão que sofre do fígado, o marido que a deixou pela galdéria da chefe dele, o carro que empanou na autoestrada, o Tiaguinho que sofre de diabetes do tipo 2 porque só come porcarias porque ela não tem coragem de lhe tirar os doces no meio desta desgraceira, e como ele come ela também come, resultado, não é apenas infeliz como gorda!!!! Buáááá! Ela abanca à sua mesa da cozinha e chora-lhe no ombro de cada vez que o Tiaguinho vem brincar com o seu filho, e você não tem coragem de escorraçar toda aquela má energia pelo elevador abaixo…

O que fazer: Dê colo… com limites. “Se pretende atingir um lugar no Céu, torne-se amiga dela. Encha-se de paciência e oiça a desgraça do princípio ao fim. Depois arregace as mangas e mãos à obra : trate de mudar de conversa sempre que o tema resvale para algo que lhe cheire a desgraça. Elogie a capacidade que ela tem de sobreviver a tudo aquilo, ou seja, aumente-lhe a auto-estima e alarge-lhe os horizontes. Afinal há mais mundo para além dos 3 cm do umbigo dela!”

A mãe beta – Recebe o seu filho porque se gaba que o filho dela se dá com ‘todo o tipo de gente’. Portanto lá condescende em acolher o seu Luisinho no palacete dela, um pouco como os reis acolhiam pobrezinhos desvalidos, mas mal olha para si, não vá você entusiasmar-se e pensar que já é amiga íntima dela porque de repente, sabe-se lá, pode desatar a pedir-lhe dinheiro emprestado ou a atirar as pratas para dentro da piscina. Isto nunca se sabe o que esperar de gente que não é do tipo dela. É simpática ma non troppo, porque a ensinaram que não se pode dar confiança a ninguém. Não é que exiba a casa, o jardim e o BMW, mas é óbvio que se sente superior e que não se esforça para que você se sinta à vontade. O Luisinho vem de lá a tratar toda a gente por você, mas também lhe passa depressa. Ao menos isso.

O que fazer: Perceber porque ela age assim. “Parta do princípio que este tipo de pessoas agem assim porque têm um auto-conceito e uma auto-estima abaixo de zero”, explica Teresa Paula Marques. “O complexo de superioridade está ancorado exactamente numa grande fragilidade. Não se esforce muito porque as suas tentativas serão mal interpretadas. Aja em conformidade. Ela é cordial consigo, seja também cordial. Trate o seu filho e o dela por “tu” , porque na sua casa as regras são ditadas por si. Se ela não gostar… paciência!”

A mãe ideal – Até você concorda: a Anica é a pessoa mais simpática do mundo. Desta vez, é você quem larga a criança em casa dela e chega tardíssimo e ela com um grande sorriso. Você pergunta se pode lá deixar o Luisinho na tarde de sábado e ela ‘mas com certeza que sim, o tempo que quiser, uma criança tão simpática e tão bem educada, até pode cá ficar as férias todas’. Ela é a heroina das crianças, as dela e as ‘adoptadas’. Deixa-as fazer tudo o que não podem fazer em casa delas: trepar às prateleiras, saltar no sofá, comer porcarias, ir para a cama à hora que quiserem, ficar 15 dias sem tomar banho. Quando o seu Luisinho volta, está um selvagem. Parece que passou as férias na ilha do ‘Lost’. É preciso arrancarem-no de lá aos gritos e pontapés. Passa o primeiro dia a dizer que quer voltar para casa da Anica. Enfim, depois passa-lhe… Mas de vez em quando, ainda lhe atira à cara que ‘em casa da Anica podíamos!’

O que fazer: Perceber por que é que ela não é tão ideal assim. “A mãe ideal é, no fundo, uma mãe negligente, uma outra versão da mãe abandónica”, nota Teresa Paula Marques. “Claro que para as crianças pode ser o máximo terem uma experiência deste tipo, mas a médio prazo dará maus resultados. Limite as visitas porque de outra maneira vai ter um trabalhão para voltar a recolocar o seu filho nos eixos!”

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