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*artigo da revista ACTIVA de agosto de 2017
Não partilhar fotografias sem permissão
“O mais importante é que as regras de casal que se seguem cá fora também estejam presentes nas redes sociais”, esclarece a psicóloga Cláudia Morais, autora dos livros ‘O Amor e o Facebook’ e ‘Sobreviver à Crise Conjugal’. “E essas regras quem as deve fazer é o próprio casal.”
Claro que na net é mais fácil cometer alguns erros porque não estamos conscientes deles. Um dos mais comuns é a publicação de fotografias. “Há pessoas que não têm qualquer problema em mostrá-las, mas há quem seja mais reservado, e nós temos de respeitar isso. Ou seja, o que é importante é que os casais conheçam verdadeiramente o outro, e saber o que o deixa desconfortável ou inseguro.” Enfim, a verdade é que não temos grande controlo sobre isso: quem anda na rua numa cidade arrisca-se a ser fotografado sem o saber… “É impossível controlar tudo o que é publicado a nosso respeito, por isso não vale a pena perder muita energia mental com coisas que não podemos controlar”, defende Cláudia. Mas se já sabemos que o outro não gosta, que se respeite isso. “Isto é especialmente importante no que toca à partilha de fotos de crianças: o que pensam os pais a respeito disso? É normal que as pessoas não estejam sempre de acordo, mas as cedências devem resultar de genuíno interesse acerca do que o outro sente.”
Não lavar a ‘roupa suja’ em público
É compreensível: mas não aceitável. “Consigo perceber a aflição de quem faz isto, mas não consigo validar esse comportamento, em primeiro lugar porque ele é danoso para a própria pessoa”, explica Cláudia Morais. “Eu tenho de ter consciência de que quem está no outro lado não tem sempre as melhores intenções a meu respeito, que há pessoas que pela frente me ajudam mas por trás até são capazes de me criticar. E não há nada de positivo que possa resultar daí, mesmo que do outro lado estejam pessoas que procuram animar, isso não vai ajudar à resolução das dificuldades.” Claro que no meio de uma crise é difícil perceber isto: a pessoa está tão desamparada, tão solitária, que busca por ali algumas migalhas de apoio, mas isso não se traduz em apoio verdadeiro. “Se eu desabafar com um familiar ou amigo, isso pode ser terapêutico porque há alguém ali para mim, que quer realmente saber. Mas no Facebook não há essa disponibilidade, porque as redes são meios baseados no imediatismo. A pergunta ‘O que é que se passa?’ é mais curiosidade do que genuíno interesse. Porque se eu estiver mesmo interessada, ligo.”
E depois há todo o prejuízo para a relação. “É muito fácil que a pessoa se sinta traída, humilhada e desrespeitada. É muito saudável que os casais discutam, mas deve haver limites. Os casais felizes, mesmo quando discutem, respeitam algumas barreiras implícitas: vão até certo ponto mas não passam daí, porque há um bem maior a proteger. Ir para o Facebook dizer mal é ultrapassar esses limites.”
Não seguir o ex
Para a maior parte dos casais, isso não é saudável. Em primeiro lugar, há a preocupação com os sentimentos do outro. “Mesmo que não se mantenha qualquer ligação romântica com a outra pessoa, isso não significa que a pessoa ao nosso lado se sinta tranquila e há que respeitar isso. Porque é tão importante manter a relação com aquela pessoa no Facebook? Claro que se eu mantive essa amizade fora do Facebook, nesse caso é natural que a mantenha online. Mas se não, o que é que aquilo me acrescenta?”
Sobretudo é preciso não transformar estas questões, que até podem não significar nada, em braços de ferro. “Além disso, costuma haver muita comparação entre as pessoas e as relações, porque queremos sempre a relação perfeita e podemos ficar agarradas ao que aquela relação teve de positivo. Para além da insegurança da pessoa ao nosso lado, nós próprios vamos estar focados no que falta, sem apreciar totalmente a pessoa que temos.”
Não ‘flirtar’ online
De novo, as regras deveriam ser definidas pelo casal. “O nosso comportamento online está ligado ao nossos comportamento cá fora: há pessoas mais físicas, mais afetuosas, que se expressam sem maldade e abertamente. Será natural que ajam da mesma maneira no Facebook. Mas se esses comportamentos forem diferentes do que são cá fora, ou que passem por cima daquilo que a pessoa que está ao nosso lado sente, isso pode trazer problemas.” Mas o casal deve sentir-se livre para pôr as suas dúvidas ao outro, e tudo deve ser conversado, sem acusações, sem ataques.”
Não enviar mensagens românticas a outra pessoa
São as situações que mais aparecem no consultório de Cláudia, e já têm a ver geralmente com quebra de confiança e algum tipo de traição. “Aí, normalmente, quando há fumo há fogo. Eu tenho o direito à minha privacidade. Mas a partir do momento em que me dou conta de que a outra pessoa está insegura em relação àquilo que eu possa estar a fazer no Facebook, tenho de tranquilizar a outra pessoa. E se sou eu que me sinto insegura, devo confrontar o outro diretamente, e de forma tão assertiva quanto possível.” O que não se deve fazer: vasculhar o Facebook do outro. “Mais uma vez percebo, mas não posso aconselhar. Porque isso não vai trazer nada de bom e só vai degradar a autoestima. Tenho sempre a escolha de me distanciar. Que, obviamente, não é fácil.”