Cíntia Sakellarides, editora coordenadora
O que mais admiro na minha mãe é a sua inteligência, coragem e força, qualidades tão evidentes mas ao mesmo tempo tão discretas, e a forma como dá palco aos outros e os apoia longe das luzes da ribalta. E, afinal, sem o trabalho da equipa de bastidores, não há atores que brilhem em cena, não é verdade? É um orgulho e um exemplo para mim!
Gisela Henriques, subeditora
A minha mãe para mim é ternura, tolerância, bondade e abnegação. Adoro o seu bom humor, o riso incontido contagiante, o seu talento para contar histórias, inclusive a sua história de muitas dificuldades financeiras em que cresceu para que não esquecesse como o 25 de Abril lhe trouxe a possibilidade dos filhos estudarem e irem mais além que ela. Aprendi com ela que o amor dos pais é infinito, que temos sempre de estar a aprender, que devemos preservar a nossa independência, e não podemos subjugar-nos e que a liberdade, um bem precioso, vem sempre com responsabilidade.
Cristina Sanches, editora de arte
A cuidar de mim desde cedo, a não me queixar – há sempre alguém pior do que nós – e honestidade, acima de tudo.
Patrícia Ajuda, designer
A minha mãe é amorosa, divertida e corajosa. É também muito simpatica e elétrica, tem de ser tudo feito à velocidade de um TGV. Aprendi com ela a importância de cuidar dos outros, a valorizar os momentos simples e a enfrentar os desafios com coragem.
Carmo Lico, jornalista
Inspira-me, todos os dias, a ser melhor. Aprendi com ela a importância dos detalhes, o valor da empatia e o bem que sabe quando as pessoas sorriem por algo que nós fizemos. Herdei-lhe a sensibilidade – com o bom e o mau que isso traz. Veio também o brio de fazer sempre bem, e a voz interna que nos faz pôr sempre em causa e garantir que estamos a fazer o melhor. Ao vê-la trabalhar, aprendi que com método e perseverança conseguimos tudo o que quisermos. Mas mais importante, aprendi – sem que algum dia tivesse de me explicar – que, passe o tempo que passe, há sempre espaço para nós no colo de mãe: esse paraíso emocional onde nenhum problema nos aflige.
Cláudia Sérgio, jornalista
Entre as muitas lições que a minha mãe me ensinou, há uma que atualmente tem um maior peso na forma como tomo decisões e aproveito o momento. “A vida é para ser vivida agora, miúda”, diz-me ela tantas vezes. Em criança ela recordava-me que o chocolate não devia ser guardado para depois e agora avisa-me constantemente, através de palavras e do exemplo, para não me conter e aproveitar as oportunidades do agora.
Evelise Moutinho, jornalista
A minha mãe tem 90 anos, sofre de demência e os papéis inverteram-se: a mãe sou e ela é a minha filha mais velha.
Escrevo estas linhas depois de lhe ter dado banho e o pequeno-almoço porque a cuidadora hoje não pôde vir. E quando penso na pergunta que me colocaram ‘o que aprendi com a minha mãe?’, talvez sejam força e amor as primeiras palavras que me ocorrem. O amor e a força que ela me transmitu e que permitem que a acompanhe hoje nesta dura caminhada.
A minha mãe nasceu na ilha do Fogo, em Cabo Verde, no seio de uma família tradicional e conservadora, num tempo em que as meninas não estudavam (tem a antiga 4ª classe) e os maridos eram escolhidos pelos pais. Mas a minha mãe deu-me o maior exemplo de liberdade e de respeito por ela – e por mim – própria. Recusou todos os seus pretendentes e já com 34 anos (muito tarde para a época), em Angola, viveu um amor em tempos de guerra com um militar português, que só a morte separou há pouco mais de um ano. Em Angola construiu uma família e quebrou barreiras como o casamento entre uma negra e um branco. Com praticamente apenas a roupa do corpo, acompanhou o meu pai no regresso a Portugal, em 1974, com o rótulo de retornados.
Aqui conquistou quem com ela se cruzou num exemplo de enorme força, resiliência, otimismo, alegria e espírito de família. Com a minha mãe aprendi que não podemos permitir que ninguém nos falte ao respeito, ‘seja o marido ou o Papa’, como ela gostava de dizer. Com a minha mãe aprendi que o amor é liberdade, amizade, companheirismo e respeito. Com a minha mãe aprendi que a família é tudo, o bem mais precioso que podemos ter na vida.
E naquele que acredito ser o seu último Dia da Mãe da minha mãe, a Leonor, agradeço-lhe o exemplo de coragem e amor ao longo da sua longa e bonita vida, recheada de desafios e grandes obstáculos que ela nunca temeu e sempre ultrapassou.
Fique também a conhecer a edição de maio da revista ACTIVA, com Mafalda Castro na capa.