Eu já ventilei por aqui que estou cansadinha, enojada já, da brincadeira da "beleza real", do "ugly is the new pretty", do "politicamente correcto, de dizerem que o plus size, o que quer que isso signifique, é que é um tamanho "real". Primeiro porque reais, minha gente, somos todos; depois porque há coisas mais importantes para as mulheres se entreterem e porque não acho que raparigas bem formadas, com alguma coisa dentro da cabeça, sejam frágeis a ponto de se traumatizarem com ideais de beleza de bonecas, modelos ou actrizes. Ideais de beleza sempre os houve, e nunca ouvi falar de meninas a atirarem-se ao Tibre por não terem a figura de fada, a carinha de anjo e os cabelos de ouro da Simonetta Vespucci, por exemplo. Ou que as gregas cortassem os pulsos por não terem o corpaço de Frinéia. Pode ter escapado aos historiadores, mas não me parece.
E depois de implicarem que as Princesas Disney têm de ser inclusivas e condescendentes com as especificidades ou fraquezas de cada uma, agora também vão maçar as bonecas com o discurso dos complexados. Não me interpretem mal: sou a primeira a dizer que as Bratz e companhia são medonhas, mas tudo tem limites: uma coisa é não gostar de bonecas que põem meninas a brincar com meias de rede – ou achar que a Popota além de feia, é indecente – outra coisa é
entrambolhar as bonecas para que as meninas não cresçam a pensar que são feias.
A história não é nova: há uns anos atrás a pressão da opinião pública foi tanta que a Mattel teve de alterar a Barbie: menos busto e cintura mais larga em relação ao molde dos anos 80/90 – como se as raparigas "reais" tivessem necessariamente esse formato e não houvesse incontáveis mulheres magras com cintura e peito por aí. Mas julgam que o público ficou satisfeito? Não. Puseram-se a fazer contas que mesmo assim a Barbie, a boneca de plástico, se fosse verdadeira ia ter problemas de saúde, e que para ser real, real, teria de ser malfeitona e de costas largas (como a boneca na mesma imagem, à direita).
Mas como a Mattel fez orelhas moucas (também era o que faltava) houve um iluminado que decidiu ter uma ideia milionária, a pensar nas mães politicamente correctas (ou que eram patinhos feios e nunca se conformaram) que não querem que as filhas cresçam com "expectativas irrealistas". E esperto, está a arranjar donativos para pôr no mercado a… "boneca normal".
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