1 – Por aqui já se têm abordado vários atestados de pinderiquice imediata que se devem evitar a todo o custo – camisolas de lycra, nail art tuning, bandage dresses baratinhos e minúsculos, eu sei lá – mas hoje lembrei-me de um particularmente perigoso, porque pode acontecer à senhora mais distinta (se ela estiver distraída e sair às pressas esquecendo-se de que prendeu o cabelo) ou vá, a uma rapariga que anda a tentar aprimorar a sua imagem com muita disciplina e melhores intenções (porque já se sabe, o diabo está nos detalhes).
Trata-se uma de uma coisa muito feia de se ver que ainda vou encontrando na rua: cabelos apanhados com uma mola de cabeleireiro!
Eu, que sofro das alegrias e tristezas de um cabelo sedoso mas por isso, escorregadio que se farta e rebelde a quase todos os clips no mercado, compreendo perfeitamente que poucas coisas mantêm as madeixas longe da cara pelo tempo que se quer e sem trabalho nenhum como uma mola de brushing.
É um facto. Mas lamento dizê-lo, a mola de brushing serve só para isso mesmo, para o brushing. Ou quando muito, para estar em casa a jardinar. Numa praia isoladíssima sem uma alma por perto…passa,desde que se vá rezando o responso para que ninguém veja. Usada em público…é para esquecer.
Quando vejo alguém nesses preparos passa-me logo pela ideia a dona de um “salon” de unhas e cabelos num bairro social, ou uma de uma peixeira que não usa trajes típicos da Nazaré, ou de uma senhora da limpeza à beira de um ataque de nervos.
O melhor é uma pessoa resignar-se a aprender como fazer uns penteadosdaqueles que não se desmancham, ou recorrer a outra engenhoca, que actualmente não faltam alternativas…
2- Os americanos, sempre prontos a satirizar o seu white trash (que é como quem diz a populaça malcriada, parolinha e pelintra, que não é bem o mesmo que ser pobre nem falido) divertem-se a inventar Barbies “do ghetto” ou do parque de caravanas. Acho uma ideia engraçadíssima e alguma mente iluminada podia lembrar-se de criar umas versões portuguesas, para não dizertuga, que é um termo detestável. Estão a imaginar?
Não havia de andar tão longe da versão made in USA, porque há coisas que são universais – uma ranchada de filhos deste e daquele e tudo muito amigo a ir aos mesmos churrascos e ginásios, palavrões, gritaria e tapona, roupinhas reles e quanto mas reduzidas melhor – mas valeria a pena realçar algumas particularidades europeias e sobretudo portuguesas, que foram beber muita inspiração ao piorio que se faz no Brasil.
(…)