A fanfarronice, o puxar de galões, esbracejar, debater, justificar-se, barafustar, cair no insulto, fazer ameaças, pôr-se nos bicos dos pés… nada disso é,grande parte das vezes, mais que perda de tempo e demonstração de fraqueza ou desespero. Quem tem muito poder, não ameaça; cala-se bem caladinho e age na hora certa, ou é magnânimo que chegue para deitar o assunto ao desprezo.
Quem é muito seguro de si mesmo, não faz barulho; age tranquilamente porque está tão certo da sua razão, da sua supremacia, que não se dá ao trabalho de fazer trovejar se não pretende enviar chuva.
Bem se diz de certas pessoas "trovejou, trovejou, e não caiu uma gota de água!" . Só os fracos fazem muita bulha, vão queixar-se a toda a gente do agravo que lhes foi feito, procurar ombros, fazer queixinhas, perder a face, dar azo a falatórios e fazem-no tanto que às vezes já nem são levados a sério. Não é por acaso que nos momentos de crise, se recomenda a certas personalidades não fazer declarações à imprensa. Factos, força e poder falam por si mesmos.
Quem se sente com razão, não refila nem desce a discussões: se for necessário dá a outra face, sorri de leve e deixa as acções com quem as pratica. A verdadeira força é serena, não precisa de provar nada a ninguém.
Quando um homem forte segura uma criança ou um gatinho pequeno com gentileza está a mostrar mais força e mais auto domínio do que quando levanta pesos, porque força, mais que tê-la, é saber usá-la. Força é ter argumentos para deitar alguém por terra e abster-se disso, porque o adversário não vale a bala. Força é voltar as costas ao touro que já se dominou sem dar o golpe de misericórdia. Força é ter o poder de se vingar e prescindir disso- não ceder ao prazer mesquinho do bate boca, do insulto, do esclarecimento, do "quem tem razão sou eu!", da competição vã.
Força, força mesmo, é ser imperturbável, ter uma grande capacidade de vista grossa e ouvidos moucos, nervos de aço: não se descabelar por nada nem se impressionar com coisíssima nenhuma, e saber rir de si e dos outros quando é preciso. O resto não é força; é nervos.