Por esta altura já não é descabido usar o termo “fenómeno” para descrever o que se tem passado com Rui Massena e a sua música: Ensemble, o mais recente projecto deste compositor que se tem igualmente afirmado como pianista, chegou ao primeiro lugar do Top de Vendas nacional, liderou a tabela de vendas da FNAC e motivou salas cheias na Casa da Música e no Centro Cultural de Belém, com o artista a ser premiado no final por entusiásticas ovações. Um feito absolutamente inédito para um registo vindo da área correntemente designada por “Modern Classical”.
Agora Rui Massena prepara-se para subir a fasquia com apresentações que se adivinham históricas no Coliseu dos Recreios a 2 de Dezembro e Coliseu do Porto a 7 do mesmo mês. Duas apresentações, acompanhado pela sua orquestra de cordas, em salas icónicas que não costumam receber com frequência este tipo de propostas musicais. Mas o sucesso dos álbuns Solo e agora Ensemble mais do que justifica estas apostas: os triunfos de palco deste artista de excepção, cuja música parece despertar as mais profundas emoções no seu público, têm sido inequívocos e demonstrado que existe uma ligação muito forte e especial entre esta música e a sua audiência. Será dessa força, dessa ligação singular, que estes dois concertos irão viver, com momentos de beleza absoluta a pontuarem dois concertos que se adivinham imperdíveis.
Os maestros são figuras fascinantes, quase sempre excêntricas, tocadas pelo génio. É certamente esse o caso de Rui Massena, conhecida figura do panorama cultural nacional que ajudou a transformar Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura num estrondoso caso de sucesso. Ligado como programado a Guimarães 2012, Rui Massena deixou sementes para o futuro com a Fundação Orquestra Estúdio, uma instituição singular, que conseguiu um tremendo êxito de bilheteira e onde se combinam talentos de mais de duas dezenas de nacionalidades. E aí é possível ver marcas do génio único de Rui Massena: um maestro não se limita a dirigir as diferentes secções da orquestra, mas tem que saber harmonizar diferentes posturas, culturas, linguagens. Essa visão tem distinguido o trabalho do maestro Rui Massena.
Fora de portas, foi maestro convidado principal da Orquestra Sinfónica de Roma, durante as temporadas 2009/2011. Pode atribuir-se-lhe também a proeza de te sido o primeiro Maestro Português a dirigir no Carnegie Hall em Nova Iorque (2007). Dois exemplos da sua capacidade de extravasar as nossas fronteiras. Por cá, embarcou de corpo e alma na aventura Expensive Soul Symphonic Experience, um espectáculo onde uma orquestra clássica encontrou espaço ao lado do moderno hip hop dos nortenhos Expensive Soul e que rendeu um DVD de sucesso (o mais vendido em Portugal em 2012). Não faltam troféus a Rui Massena, aliás: a Academia de Artes e Ciências Brasil atribui-lhe em 2013 a Medalha de Mérito Cultural, tal como a sua cidade natal, Vila Nova de Gaia, que lhe entregou a Medalha de Ouro de Mérito Cultural e Científico. Já o festival Rose d’Or, em Berlim, em 2014, fez da sua série televisiva, “Música Maestro”, finalista na categoria de Artes, reconhecendo assim o seu enorme valor cultural. Estes prémios e distinções reconhecem, afinal de contas, um percurso rico, de total entrega à causa da música, um percurso que o viu a abraçar grandes causas e desafios – foi Director Artístico e Maestro Titular da Orquestra Clássica da Madeira entre 2000 e 2012 – e que lhe permitiu trabalhar com nomes tão sonantes como os de Guy Braustein, José Carreras, Ute Lemper, Wim Mertens, Ivan Lins, José Cura ou Mário Laginha e Bernardo Sassetti.
Em 2015, Rui Massena apresentou-se num outro desafio: o do piano a solo. Um maestro sem orquestra, mas com um mundo de melodias e músicas na ponta dos dedos. Esse desafio rendeu um disco – Solo – que revelou também uma incrível faceta de compositor.
Depois de Solo, trabalho discográfico que Rui Massena transportou para o palco com assinalável sucesso e conquistando o aplauso de milhares de pessoas, eis que o maestro lança o seu segundo álbum. Ensemble foi editado a 15 de Abril e leva o seu piano para outros mundos através de uma colaboração com a Czech National Symphonic Orchestra.
Neste Ensemble, Rui Massena mantém a “tranquilidade” que já caracterizava o seu primeiro disco de originais mas agora dá-lhe toda uma envolvência orquestral, que traz também uma nova luz às composições do pianista e maestro.
“Abraço, Estrada, Alento, Liberdade, Dúvida, Borboleta, Amanhecer, Meditação, e o Renascer, são algumas das emoções traduzidas em sons”, descreve o músico. As novas composições assinadas por Massena são muito inspiradas pelo espírito que se vive em Sintra, local onde estas foram compostas e maioritariamente gravadas.