*artigo publicado originalmente em fevereiro de 2017
Já a podemos ver e ouvir em todo o lado, desde a rádio à televisão, mas o Youtube é a sua principal porta de entrada. Marta Bateira, a jovem portuense de 34 anos, filha mais nova de quatro irmãos é a responsável pelas piadas do seu mais conhecido alterego, mas desta vez quisémos falar de tudo, menos da Beatriz: acreditamos que há mais para lá dessa personagem.
Para que uma mulher seja confiante, diz Marta, tem de conhecer-se e aceitar-se, defeitos e sexualidade incluídos. Aos 30 anos é quando essa confiança e tranquilidade chegam, contudo, nas palavras da própria, a mulher portuguesa devia “valorizar-se mais” e “não se deixar por migalhas”. Isto traduz-se em quê? Abandonar o papel de “mãezinha” que muitas vezes lhe é imposto ou se sente na obrigação de desempenhar.
Quanto à igualdade entre sexos, Marta diz que as mulheres vão no bom caminho no que diz respeito às carreiras profissionais, mas que a diferença continua a ser visível nas tarefas domésticas, onde o homem apenas “ajuda” mas não “partilha” e a culpa pode também ser da mulher: muitas vezes é ela que toma a inicitiva se continuar a desempenhar o papel de mãe, mas que isso também passa pela edução que se dá aos filhos.
Uma mulher “não tem de ser feminina”, diz com toda a certeza, o que interessa é que tenha sensualidade, atitude e se sinta confortável. A variedade no tipo de mulheres é positivo, sejam elas mais masculinas “ou montadas no salto”.
Quanto ao casamento, Marta quer casar, e era capaz de ser ela a fazer o pedido, afinal de contas teve coragem de pedir em namoro, mas credita que ainda existe a ideia de que o homem é que faz o pedido e uma mistifiação do casamento por parte de algumas mulheres. O mesmo acontece com a gravidez, de que uma mulher sente a pressão de engravidar. A Marta quer ser mãe, mas não se preocupa se não for.
Se pudesses, o que é que mudavas na altura em que tinhas 18 anos?
“Teria estudado mais, pelos menos portado melhor nas aulas [lança um sorriso], menos rebeldia na adolescência, porque eu fui mesmo muito rebelde, mas mesmo assim isso foi importante para a pessoa que sou hoje”.
E quanto a conselhos para a Marta adolescente?
“Diria para ser menos sófrega. Eu tinha aquela esgana de adolescente de viver aqui e agora, o já… Não queiras crescer rápido”. E os maiores desvaneios? Coma alcóolico com 15 anos, apanhada a roubar cd’s de hip-hop e faltou por faltas. Diz entre risos, “não façam isso em casa!”
Ela que é uma “contadora de histórias” ao invés de “comediante”, a Marta que vê “sempre o copo meio vazio” e por estranho que pareça para a maioria das pessoas, é insegura, aprecia pessoas com perspicácia para o humor. “Aquela piadinha no fim” não é o que caracteriza o seu trabalho com a Beatriz Gosta, mas sim os detalhes “que pensas mas não dizes”. Se pretende chocar?
“Isso é coisa de adolescente e faz parte. Com 34 anos, tu queres é viver na paz do senhor [ri-se]. Mas agora a sério, sentes que tens uma missão. Apercebi-me que era Feminista e que lutar pela igualdade era uma coisa importante na minha vida porque passei por coisas que me marcaram e incomodaram.
E agora sente-se que quer “dar um contributo de forma consciente, não é uma coisa gratuita”.