Começa como uma conexão ‘online’, muitas vezes em redes sociais ou aplicações de namoro, e evolui para tornar-se num relacionamento real, ou pelo menos é o que as vítimas pensam.
As burlas românticas são um fenómeno generalizado e quase sempre são perpetradas contra pessoas solteiras, especialmente mulheres. As vítimas estão convencidas de que têm uma relação com alguém que, após ganhar a sua confiança, começa a partilhar problemas e dificuldades que têm sempre um pedido de dinheiro como solução.
Segundo dados do banco digital Revolut, que tem mais de um milhão de clientes em Portugal, as burlas românticas representam 1% das chamadas burlas de pagamentos autorizados push (ou APP, na sigla em inglês). Ou seja, aquelas burlas nas quais o criminoso engana a vítima para enviar dinheiro para uma conta fraudulenta.
“As burlas românticas são algumas das mais difíceis de lidar, não apenas devido ao impacto económico, que às vezes pode ser muito significativo, mas também devido ao dano psicológico causado às vítimas, que lutam muitas vezes para reconhecer, aceitar e denunciá-las”, afirma David Eborne, chefe de Operações de Fraude do banco digital Revolut. “Os pedidos de dinheiro geralmente são altamente emocionais. Por exemplo, os criminosos dizem que precisam de dinheiro para uma cirurgia de emergência ou para pagar uma dívida urgente. Às vezes, convencem as suas vítimas a investir grandes somas em plataformas de investimento fraudulentas, para poderem finalmente construir as suas vidas juntos. Esse tipo de relacionamento tende a ser experimentado confidencialmente pela vítima, que até pode ficar irritada se lhe fizerem perguntas sobre o parceiro”.
Eis algumas dicas da Revolut sobre os ‘sinais de alerta’ a serem considerados para se proteger das burlas românticas:
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Romances rápidos e intensos: os burlões “apaixonam-se” rapidamente pela vítima, realizando o conhecido “bombardeio de amor” destinado a conquistá-las em pouco tempo, para se tornarem um recurso emocional do qual a pessoa não pode mais prescindir. Muitas vezes chamam a vítima por um apelido carinhoso, algo que os ajuda a evitar usar o nome errado, já que conversam com muitas pessoas ao mesmo tempo.
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Parceiros pouco ou nada disponíveis para encontros: os criminosos geralmente nunca, ou raramente, têm disponibilidade para encontrar-se pessoalmente e atribuem essa situação ao trabalho, à vida, a estar no exterior, etc. As promessas são sempre muitas e os resultados concretos são sempre muito poucos.
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Pessoas misteriosas que querem ‘proteger’ a relação: os perfis nas redes sociais (se tiverem) não revelam muito sobre eles. Partilham poucas fotos e poucos detalhes sobre as suas vidas e relações. Muitas vezes persuadem a vítima a não falar com outras pessoas sobre a relação, com a desculpa de proteger o casal de quem não entenderia ou poderia sentir inveja.
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Os problemas podem ser sempre resolvidos com dinheiro (mas nunca com o deles): esses burlões são pessoas que parecem ter muitos problemas para os quais a única solução é o dinheiro, que obviamente pedirão à vítima. Em alguns casos, pagam um empréstimo inicial para induzir a vítima a acreditar que estão a lidar com pessoas honestas, e depois iniciam uma nova série de pedidos de dinheiro, muitas vezes com quantias muito mais altas.
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Pedem que envie dinheiro em nome deles: em alguns casos, os criminosos envolvem a sua vítima em crimes como money muling, que consiste em lavagem de dinheiro de atividades ilícitas. Portanto, é melhor não fazer nenhum tipo de transferência em nome de outras pessoas, a menos que esteja certo da legitimidade da origem e destino do dinheiro.