Admitam lá: vocês se fossem crianças, chegasse a noite de Natal, e o vosso tio preferido, que ainda por cima – notem bem – ainda por cima tinha uma loja de brinquedos, vos oferecesse um quebra-nozes, vocês, 1) Achariam que estava a gozar convosco 2) Achavam que havia ali coisa e davam-lhe o benefício da dúvida 3) Suspiravam e passavam ao presente seguinte, afinal quem nunca deu o presente errado na vida, e de certeza que voês não lhe deram nada a ele.
Isto tudo para dizer que a grande maioria das crianças nem sabe o que é um quebra-nozes: que é, pronto, mesmo isso, uma coisa que se usa para partir nozes. Mas era mais do que isso. De acordo com uma antiga tradição alemã, os quebra-nozes eram oferecidos no natal como símbolo de força, proteção e poder, para proteger as famílias e as casas.
Um senhor alemão (pronto, na altura prussiano) chamado E.T.A. Hoffman escreveu em 1816 um conto de fadas, ‘O quebra nozes e o rei dos ratos’ em que uma criança, Clara, recebe precisamente um destes quebra-nozes de presente. A tradição era forte nessa altura, daí que a criança não lhe tenha dado com o quebra-nozes na cabeça e este tenha sido bastante apreciado (pelo menos na história). Claro que depois da meia-noite o Quebra-Nozes ganha vida e transforma-se numa espécie de super-herói, e Clara vai ajudá-lo a derrotar o terrível Rei dos Ratos e salvar o Reino da Fantasia.
A história havia de ficar mais famosa pela sua adaptação – russa – ao ballet, por Tchaikovsky, já quase no fim do século XIX, que se tornou um clássico imediato da época natalícia. Mas pode ser vista atualmente em muitos formatos, e um deles chega-nos agora pelo TIL – Teatro Infantil de Lisboa.
A peça musical ‘O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos’ parte precisamente do conto de fadas original, que inspirou o autor e encenador Fernando Gomes para uma criação que vai encantar crianças e adultos.
Com interpretação de David Bernardino, Francisca Pires, Gonçalo Rosales, Henrique Macedo e Kim Cachopo, entre outros, o esptáculo destina-se a todas as crianças com mais de 3 anos e está em cena no Teatro Armando Cortez, com Sessões Família ao sábado e domingo às 15h, e para grupos durante a semana às 11 e às 14.30 (mediante marcação prévia).