Geralmente, trago-vos aqui sugestões que são novidade ou semi-novos, como diria o Herman José. Esta semana apeteceu-me ir ao baú das relíquias, e nem sequer foi para vos trazer um clássico, ou coisa que o valha.
Lembrei-me de repente que não vos tinha trazido nada a propósito do Dia dos Namorados. Não é que pessoalmente seja grande fã, mas acho que nos dias que correm estamos todos muito precisados de uma boa história de amor. Problema: não sei se já repararam que é muitíssimo difícil escrever uma boa história de amor.
Claro que isto é só um pretexto para vos falar de um dos livros mais lamechas e mais comoventes que li na vida (ao nível das ‘Pontes de Madison County’ salvo que nas Pontes fartei-me de rir porque sou uma grande insensível e aquilo foi demais para mim).
Bem, quando comecei a ler este livro, há mais ou menos muitos anos, ia à espera do pior. É verdade que, ao contrário do que geralmente acontece em Portugal, a capa era linda. Mas o resumo: “Fiona Edwards e Alexander Hudson encontram-se numa altura da sua vida em que já passaram por duras provas” não augurava nada de bom.
O resto do resumo também não. Então, o Alex veio de longe espalhar as cinzas da mulher (morta, pois. What else, se eram cinzas) na montanha que ambos amavam. Entra a Fiona, a dona do ‘Bed and Brakfast’ onde ele fica, e (guess what) apaixonam-se, mas por pouca sorte a Fiona é casada (são sempre).
Ia preparada para ser uma coisa lamechas. E é. O problema é que também é muito poético (continua lamechas), muito comovente (continua lamechas) e um livro que eu gostei genuinamente de ter lido, além de me ter fartado de chorar, coisa que não aconteceu nas ‘Pontes’.
Além de ser uma boa história, com personagens que já passaram dos 23 anos, o autor tem o condão de ser daquelas pessoas que consegue mesmo fazer com que os seus leitores sintam que estão naquele sítio (neste caso as montanhas do País de Gales). Ponto extra (ou talvez não, para quem estiver em dieta): cuidado com as descrições de comida. É uma amiga quem vos avisa.
‘Entre o céu e a montanha’ – Will North, Ed. Presença, E14