O livro não é uma novidade (aliás já há mais dois da série publicados em Portugal) mas só agora é que cheguei a ele. Não temos de ler um livro assim que ele chega às livriarias (aliás nota-se que uma pessoa gosta verdadeiramente de ler quando tem livros que ainda não leu). Claro que mais vale tarde que nunca, como aliás comprovam as suas personagens. E o livro vale acima de tudo por eles. ‘O clube do crime das quintas-feiras’ foi um super-sucesso em todos os países por onde passou graças aos seus, digamos assim, heróis: um quarteto de reformados que se reunem uma vez por semana para discutirem crimes que ficaram por resolver.
Elizabeth, Joyce, Ron e Ibrahim – um ex-sindicalista, uma viúva, um ex-psiquiatra e a líder do grupo – vivem num pacato bairro de residências privadas e precisam de qualquer coisa com que se entreterem. Por isso formaram um clube para discutirem os casos da sua fundadora, Penny, agora acamada e com demência num lar.
Como já devem ter adivinhado, de repente acontece mesmo um assassínio ali mesmo ao lado, e o grupo pôr mãos à obra – digamos assim – para descobrir o culpado. Claro que, como em quase todos os policiais, agora entra, enfim, a polícia, neste caso os polícias: Chris e Donna não sabem muito bem como reagir a estes ajudantes entusiastas, embora amadores, mas acabam por aceitar a ajuda (aliás, quem resistiria?)
O livro nasceu de uma inspiração pessoal. O autor do livro, Richard Osman, é um apresentador, comediante e produtor famoso em Inglaterra. Sempre gostou de escrever e sempre quis escrever um policial, mas nunca teve tempo. Até que um dia a mãe se mudou para um lar no sul de Inglaterra, um sítio muito verde e traquilo, e quando o filho foi lá vê-la, pensou: seria um lugar fantástico para um assassínio (enfim, é mesmo a primeira coisa que vem à cabeça de qualquer pessoa quando visita um sítio sossegado). Conversou com as pessoas no lar e teve outro pensamento: se houvesse aqui um assassínio, de certeza que estas pessoas descobriam o culpado. Este foi o ponto de partida para o livro. O autor escreveu-o em segredo, porque não queria ser ‘o apresentador famoso que escreveu um livro’. Mas a coisa acabou por correr tão bem que o livro se tornou um dos maiores sucessos no UK. Claro que o facto de o autor ser conhecido ajudou, mas noutros países, onde não fazem ideia quem ele seja, foi um sucesso igual.
Portanto façam o vosso chá, comam um scone, aproveitem uma semana de chuva, e leiam – ou releiam, ou atirem-se aos livros 2 e 3 – um mistério tão ‘british’ como a saudosa Miss Marple.