Pondo de parte a recomendação óbvia e já amplamente debatida por aqui de deixar os pares mais arrojados ou difíceis no lugar onde pertencem (ocasiões especiais, saídas, and so on) tudo é uma questão de encontrar o par certo. Lembrei-me disto há pouco, ao comentar um blog muito conhecido da nossa praça. Tenho alguns pares bicudos e altíssimos que não magoam nada; suportam bem o tornozelo, são confortáveis, maleáveis o suficiente para andar horas (se soubesse o que sei hoje, tinha trazido vários exemplares de cada). Sendo flexíveis permitem mesmo “dar a volta” aos temíveis paralelos. Depois há outros que basta calçar um bocadinho para magoarem horrivelmente. Experimentei no outro dia com um par de scarpins encarnados, nada de especial em termos de altura, e já estava a sofrer na loja. Não há uma receita infalível, mesmo esquecendo o factor preço, para que um pump, scarpin ou stiletto não magoe e funcione connosco. Tudo depende do molde, da estabilidade, da execução, do material e do formato do nosso pé. Encontrar o sapato certo pode ser tão complicado como encontrar a pessoa certa – é preciso procurar e testar o que resulta connosco. Quando o encontramos, dificilmente passamos sem ele: por mais novidades que apareçam nas lojas, por mais opções que tenhamos no armário, voltamos sempre aos queridos sapatinhos que nos ficam a matar e não causam dores. Acompanham-nos em diferentestoilettes, em várias situações importantes, ficam ligados à nossa vida, ganham um valor afectivo e sabemos que não trairão a nossa confiança. Um sapato que não funcione, por mais bonito que seja, acaba por se manter na prateleira. Sabemos que é lindo, que custou a comprar, que gostamos muito dele – mas uso prático, ou felicidade que se possa obter na sua companhia, zero. Nenhuma mulher fica bem disposta ou confiante sabendo que tem um dia de sofrimento à sua frente. Assim são os relacionamentos com bad boys: bonitos à vista, mas não servem para nada. As coisas boas dão trabalho a encontrar. O que mais há por aí são más pessoas e maus sapatos. Vale-nos que em caso de erro…a única coisa tão fácil de substituir como um mau sapato é mesmo um homem idiota.
Autoria: Imperatriz Sissi