
D.R.
*artigo publicado originalmente em novembro de 2016
O ano de 2014 assinalou o início da caminhada da Nizza, uma das marcas de roupa portuguesas que já encontrou o seu espaço no mercado nacional e começa agora a pensar aventurar-se lá fora.
As irmãs Ana e Bruna traduzem bem o conceito de empreendedorismo que há anos se prega em Portugal. No caso de Ana, de desempregada passou a ser a principal responsável da marca que criou em parceria com a irmã e com o apoio da mãe, Maria. A ACTIVA quis conhecer melhor a Nizza e quem está por detrás dela.
1. A Ana estava desempregada quando criou a marca. Para além disso, o que é que vos levou a criar a Nizza?
A marca NIZZA nasceu em 2014, numa altura pouco favorável. Eu, Ana, tinha acabado de ficar sem emprego e a necessidade de criar algo era tão grande que decidi arriscar. Sugeri à minha irmã gémea, Bruna, que se juntasse a a mim para nos lançarmos no mundo da moda. Como ela ainda trabalhava, todo o processo de desenvolvimento passou por mim, como o logótipo, imagem gráfica a usar, etiquetas, caixas, etc. Somos designers, não de moda, mas industriais. O que nos deu ainda mais competências para criar um projeto como este que engloba também bastante industria, a têxtil. Relativamente à moda, sempre adorámos. Foi um bela conjugação!
2. Como foi criar uma empresa numa altura de crise?
Foi arriscado mas como, se diz cá em cima, “quem não arrisca, não petisca”. Foram momentos desafiantes, alguma insegurança, pois nesta área existem marcas fabulosas, com muito potencial. Fiz uma enorme pesquisa de como poderia marcar a diferença na criação de uma marca. Não queria, nem faz parte da minha personalidade, criar algo sem “pés nem cabeça”. Tínhamos perfeita noção que poderia acontecer algo menos positivo mas estávamos preparadas para isso. A nossa mãe Maria foi o nosso pilar. Sempre nos acompanhou, e como empresária que é, ensinou-nos a superar e ultrapassar qualquer percalço que nos poderia aparecer. Foi um arranque maravilhoso, as pessoas adoraram a marca e cada vez mais são as interessadas. Hoje, a mãe concentra-se na parte financeira da marca. A Bruna trabalha para outra empresa da nossa mãe mas sempre que é necessário dá algum apoio à NIZZA. Eu, Ana, sou a designer e fundadora, desenvolvo toda a imagem da NIZZA, as peças são desenhadas por mim e todo o processo até as peças estarem no cliente sou eu a responsável. Na parte comercial tentamos as três ver quais são os melhores parceiros, várias situações são “discutidas” pelas três. É sempre melhor três cabeças a pensar do que uma!
3. Quais são as principais características que distinguem a marca?
Em primeiro lugar, a qualidade das peças. Hoje em dia quem gosta de comprar o ponto-chave é sem dúvida a qualidade. Segue-se a apresentação. Ainda a Nizza não tinha nascido, todo o processo de desenvolvimento gráfico estava concluído. Desenhei as etiquetas em forma de “coração”, um pormenor do logótipo. De seguida pensava “como enviar para as clientes?”, “uma caixa, um saco?”, daí construí uma caixa Nizza onde a peça é embrulhada em papel de seda e enviada para a cliente. As clientes ficam apaixonadas.
4. Formaram-se em design industrial, acham que isso vos ajudou ou foi um obstáculo ao criar a Nizza?
Ajudou sem dúvida, como mencionei na primeira pergunta. Um designer industrial aprende a concretizar um produto e dar seguimento ao mesmo. Uma marca é igual, ela é criada e depois temos de saber levá-la para a frente. O processo é exatamente o mesmo.
5. Qual a importância dos materiais nas vossas conceções?
Os materiais são fundamentais, e todo o nosso produto é confecionado em Portugal, no norte, bem perto da nossa cidade, Braga. Toda a matéria-prima é escolhida com extremo cuidado, antes de lançar qualquer peça são feitos testes. Nada é lançado sem a certeza de que é viável e seguro para o bem-estar do nosso cliente. Já formámos a nossa equipa, temos pessoas especializadas em todas as áreas, eu faço o desenho, Ana Azevedo, designer e fundadora. Depois passo para os moldes, onde eu e a equipa transformamos a peça em molde e é testada até ficar perfeita. Depois temos a parte da confeção, onde vemos as peças “nascerem”. Tento ao máximo estar presente em todas as fases de confeção para verificar se está tudo bem, mas não tenho de ter medo pois acredito profundamente nos nossos colaboradores, são uma família.
6. É uma mais-valia para a marca o facto de as vossas peças serem confecionadas em Portugal?
Sim, sem dúvida! Principalmente para o mercado internacional, onde se dá muito valor a marcas portuguesas. No mercado nacional encontramos pessoas maravilhosas, infelizmente ainda há quem pense que as marcas portuguesas não têm tanta capacidade de desenvolvimento, o que está completamente errado. Em Portugal temos muito potencial, imensos talentos, projetos fabulosos.
7. Onde querem ver a Nizza daqui a 5/10 anos?
Estamos muito contentes pois cada vez tem sido melhor, muitas lojas contactam a NIZZA para futuras parcerias. As vendas notoriamente aumentaram (na ordem dos 300%). Temos como maior objetivo encontrar uma boa parceria no exterior, temos um plano de internacionalização bastante apelativo. Falta só encontrarmos a “parceria certa” para o realizar. Em Portugal, queremos continuar a crescer, a marca é portuguesa por isso faz todo o sentido lutarmos para que o nosso produto continue a ser um sucesso no nosso país.
8. Qual é o tipo de mulher que compra as vossas peças?
É uma supermulher! Uma mulher que admira uma peça diferente, apreciadora do que é 100% Nacional, com design 100% português.