Raquel Lima tem dois amores: a Natureza, que a levou a apostar numa carreira como engenheira florestal durante 13 anos, e o chocolate, que passou de guloseima a hobby e, há sete anos, culminou num negócio chamado Pedaços de Cacau.


Como é que uma engenheira florestal se muda para o negócio dos chocolates?

Quando era pequena, fui escuteira, e o contacto com a natureza e o meio ambiente levou-me a ser engenheira florestal, uma profissão que sempre desejei.

Quando começou a interessar- se pelo mundo do chocolate?

Sempre gostei muito de chocolate! Nas férias, os meus tios vinham de França e traziam sempre muito chocolate para provarmos. Os anos foram passando e este gosto foi crescendo comigo. No Natal de 2012, decidi oferecer aos amigos e familiares algo com significado e aventurei-me a fazer chocolates caseiros. A minha paixão ficou ainda mais forte e já não havia volta a dar, gostava muito de sentir que dava alegria e prazer aos que provavam os meus chocolates.

Quando decidiu tornar o hobby na sua atividade principal?

Eu sou uma gulosa nata, e quando ofereci chocolates no Natal fiquei com alguns em casa e reparei que com o passar do tempo o aspeto dos meus bombons se havia alterado, e aquilo deixou-me curiosa. Por isso, decidi inscrever-me num workshop especializado para conseguir perceber o que me tinha corrido mal. Em 2013, num jantar, pedi ajuda aos meus amigos e começámos a debater nomes, e foi aí que chegámos a Pedaços de Cacau. Nesse ano, criei uma página de Facebook e participei na primeira feira de produtos artesanais, nos Jardins da CerciGaia. Em 2014, abri a primeira versão de loja online associada ao Facebook da Pedaços de Cacau, que se tornou uma marca registada. Mas o ano ‘oficial’ do nascimento da Pedaços de Cacau foi 2016, quando decidi, dia 9 de novembro, entregar a carta de demissão. E esta mudança fez com que o meu hobby passasse a ser o meu trabalho a tempo inteiro.

Quais os principais desafios?

Foram muito operacionais, por exemplo, como tornar a marca reconhecida no mercado, pois é um longo caminho e implica persistência e consistência, tal como captar clientes e voltar a conquistá-los a cada vez que compram. Queremos que voltem sempre com um sorriso, seja online ou presencialmente. Gosto muito de criar e na Pedaços de Cacau sentimos mesmo essa necessidade de estar constantemente a inovar. Mas também é essa garra que nos distingue no mercado e que já nos ajudou a ganhar tantos prémios! E imagino que esta seja transversal a todas as áreas, mas foi um desafio aprender a lidar com todas as questões burocráticas inerentes à gestão do negócio.

Têm lojas próprias?

Além da loja online, temos um atelier em Vila Nova de Gaia, onde temos também a nossa loja física. É também possível encontrar em várias lojas e mercearias gourmet do país e no Club del Gourmet do El Corte Inglés, em Lisboa e Gaia.

O que trouxe de diferente a Pedaços de Cacau?

Quando provava um bombom, era importante conseguir identificar o sabor de olhos fechados, e no mercado não conseguia encontrar essa característica nos chocolates que comia, pois sabia-me tudo à mesma coisa. Eram bons, mas não conseguia identificar o sabor. Outro fator diferenciador é o facto de utilizarmos, maioritariamente, chocolate negro com diferentes percentagens de cacau, para cortar as quantidades de açúcar e, assim, ficarem mais saudáveis.

Quais os best-sellers?

Os produtos-estrela da Pedaços de Cacau são os bombons de limão e laranja e as tabletes com 72% de cacau, malagueta e flor de sal. Da Sweet Portugal é a Casa do Porto com bolachas de vinho licoroso.



Este ano comprou a Sweet Portugal…

A Sweet Portugal surge em 2012 através da colaboração de duas amigas, com o intuito de promover a identidade portuguesa no mundo, criando uma linha de produtos regionais, onde se cruzam sabores, tradições, símbolos e objetos tradicionais portugueses, mas com uma imagem contemporânea e atual. Tive o primeiro contacto com a marca em 2019, numa parceria, e no início deste ano surge a oportunidade de aquisição. Já gostava muito da marca e com as sinergias entre nós pareceu-nos que seria uma excelente oportunidade!

Quais as principais dificuldades em ser mulher empreendedora?

A princípio, foi obter informações legais sobre como criar a empresa. Mas os desafios vão-se alterando, com o tempo e a fase de desenvolvimento do negócio. Uma das minhas grandes aprendizagens foi conciliar o tempo empresarial com a vida familiar. Felizmente, o meu marido sempre me apoiou imenso e é um dos meus maiores motores, sem ele esta aventura teria sido muito difícil de gerir.
E, claro, é vital trabalharmos a autoconfiança, pois quando estamos a sair da nossa zona de conforto e a arriscar no começo de uma vida profissional do zero há muita incerteza, muito stresse, muitas dúvidas… Eu tento sempre fazer o exercício de comemorar as nossas vitórias, por mais pequenas que sejam! Olhar sempre com orgulho para as nossas conquistas faz-nos valorizar mais o caminho. E tento fomentar isso na minha equipa, pois sem uma boa equipa – como a minha – nenhuma empresa pode prosperar.

Que conselhos daria a alguém que gostasse de transformar um hobby num negócio?

Primeiro, tem de amar muito o hobby para o transformar em negócio, pois vai ser necessário enfrentar vários desafios, nem sempre fáceis, é preciso persistência e confiança. Ter noções de gestão financeira, gestão de empresas e recursos humanos, marketing, e ter uma boa rede de networking é também uma grande ajuda.

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