Foi no seu trabalho como educadora de infância que Filipa Cortez Cabral, que sempre sonhou em trabalhar com crianças e em ter um negócio próprio, se apercebeu da complexa logística das sestas, das dificuldades que os alunos tinham em dormir e do impacto que isso tinha no seu dia a dia. Atiçado o seu espírito empreendedor, Filipa começou a pensar em algo que melhorasse o sono das crianças, que facilmente se adaptasse quer aos catres escolares como às camas em casa. “Em 2017, juntei-me a uma amiga, também ela educadora, e começámos a idealizar os primeiros produtos.” Nasciam assim os primeiros protótipos dos sacos-cama e a Minô Babies.
Como foi pôr em prática a sua ideia de negócio?
Durante a sesta, começámos a trabalhar nas ideias e a enviar e-mails, ao final do dia ficávamos na cresce até mais tarde para estudar tecidos e conjugações. As horas pós-laborais eram aproveitadas para idas a costureiras, onde fizemos os primeiros protótipos. Costureiras que descobrimos por passa palavra. Ainda me lembro da alegria de testar e ver o resultado dos primeiros sacos-cama. Acabei por avançar com o negócio sozinha. Entretanto deixei a escola, para me dedicar totalmente a este projeto.
A minha amiga optou por não se aventurar e arriscar a estabilidade familiar e profissional que tínhamos. Acreditei sempre. Fechei os protótipos finais com uma fábrica em Guimarães, fiz uma página de Instagram e Facebook e inscrevi-me num mercado de crianças. Desde esse dia até hoje só vendo produtos em que acredito e testo a 100%. Todos os dias aprendo e tento melhorar.
É difícil ser empreendedor em Portugal, seja homem ou mulher. Existem muitos entraves, muita burocracia que condiciona o arranque e que nos fazem questionar se devemos ou não continuar. Por isso, o apoio da família, o acreditarmos no nosso projeto e o sermos resilientes são três características que não podem faltar a qualquer empreendedor em Portugal.
Como concilia a sua vida pessoal e profissional?
Neste momento, apesar da Minô ocupar grande parte do meu dia, tenho a sorte de conseguir equilibrar e gerir muito bem estas duas áreas. O facto de morar em Évora, ajuda. Aqui não há tempo perdido, consigo ir levar e buscar as minhas filhas à escola, passar pelo parque e ainda regressar ao atelier para terminar as urgências. Consigo ter tempo para ir ao ginásio, para estar com as minhas amigas, o que é fundamental para me manter equilibrada e saudável.
Que produtos podemos encontrar na Minô, além dos sacos-cama?
Os sacos-cama e os lençóis envelope são os produtos estrela, mas procuramos diversificar a nossa oferta e ajustá-la às estações do ano e efemérides. Temos sempre uma coleção de verão/praia, com os mochilões para os pais, os sacos de praia para as crianças, a coleção de regresso às aulas, com mochilas, lancheiras, porta-talheres, protetores de garrafa, babetes, etc., e a coleção de Natal, que todos os anos apresenta as melhores sugestões de presentes para familiares e amigos. A confeção é feita manualmente no nosso atelier em Évora, pelas mãos de talentosas costureiras que me acompanham diariamente nesta aventura.
Tem clientes no estrangeiro?
Cada vez mais. França, Suíça, Alemanha, Espanha…
Tem loja online e lojas físicas?
O nosso atelier está em Évora e tem associado um showroom, mas é através do site que realizamos a maior parte das nossas vendas, em mino.pt.
O sonho máximo para a Minô…
Que todas as famílias conheçam e experimentem o nosso conceito. Que todas as escolas tenham Minôs para receber as crianças. Chegar lá fora, começar a vender em força para países que valorizem o lado prático aliado ao conforto, à autonomia, como os países nórdicos.
Tendo sido educadora, o que considera como principais desafios das creches e infantários portugueses?
Gerir o grupo de diversidades de crianças com necessidades individuais e conseguir chegar a todas. A gestão das alturas mais desafiantes: os meses de adaptação escolar, no início do ano, as rotinas da higiene, refeições e hora da sesta. Estes são, sem dúvida, os momentos em que é preciso ter uma boa equipa educativa e o dom para criar e adaptar as estratégias necessárias a cada momento, a cada criança, sendo o maior desafio de uma educadora ter boa disposição diária, um abraço e beijinho sempre prontos para acolher uma criança.