O QUE É A OSTEOPATIA?
É uma disciplina terapêutica que se interessa pelo organismo humano e os seus movimentos, procurando desbloquear as restrições de mobilidade que possam existir nos músculos, esqueleto, articulações, mas também dos órgãos internos e da parte sacrocraniana (do crânio ao osso sacro, no fim da coluna). Age no tratamento de várias doenças mas também na sua prevenção, sem recurso a medicamentos ou cirurgia. A osteopatia vê o organismo humano como um todo, onde tudo está relacionado e pode influenciar outros sistemas: por exemplo, o sistema articular, através do sistema neurológico pode influenciar a parte visceral, dos órgãos internos. Através de técnicas manuais, o osteopata procura reequilibrar o organismo.
HÁ MAIS QUE UM TIPO DE OSTEOPATIA?
Sim, existem várias técnicas, ligadas aos diferentes sistemas do organismo como explica Acácia Coyac: “Existe a versão osteoesquelética, onde manipulamos os ossos, tendões, músculos e toda a parte articular, e a osteopatia sacrocraniana, onde trabalhamos os ossos do crânio até ao sacro. Existe ainda a osteopatia visceral. Não manipulamos o órgão interno, mas libertamos os meios de fixação e suspensão desse órgão. Acreditamos que se trabalharmos tudo o que possa estar a atrapalhar o órgão ao redor dele, vamos facilitar a sua mobilidade, já que o princípio da osteopatia é trabalhar as perdas de mobilidade, libertando o órgão para o seu movimento fisiológico natural – os órgãos também têm uma mobilidade inata.”
O QUE ACONTECE NUMA CONSULTA?
“Na primeira consulta é feita a anamnese completa: o que a trouxe ali, os antecedentes e historial clínico. Se tiver exames complementares, tem de trazê-los também. O espaço entre consultas é de oito a dez dias para dar ao corpo a hipótese de se regenerar – esse é um dos princípios da osteopatia. A primeira consulta dura, geralmente, hora e meia”, explica a terapeuta.
Em função do tipo de osteopatia praticada, o paciente deita-se vestido ou com roupa interior. Para descobrir bloqueios na mobilidade, tensões e desequilíbrios no corpo do paciente, o osteopata utiliza as mãos, seguindo técnicas precisas de manipulação. Mas, ao contrário de um mito comum, não tem de fazer ‘estalar nada para ir ao lugar’. “As pessoas vêm com essa conceção dos quiropráticos – que não são osteopatas, existe uma grande confusão entre os dois”, observa Acácia Coyac. “Em osteopatia, o estalo da articulação não quer dizer que o osso tenha voltado ao sítio. O osso não vai e volta do sítio; são pequenos deslizamentos.”
EM QUE PROBLEMAS DE SAÚDE PODE AJUDAR?
O que primeiro nos vem à cabeça são problemas de saúde relacionados com ossos, articulações e músculos, como dores de costas ou entorses. Mas a área de ação da osteopatia estende-se a outros problemas de saúde, garante Acácia Coyac: “Alguns dos mais comuns que nos aparecem são as lombalgias, dor ciática, dores da cervical, ombro e braço. A osteopatia sacrocraniana ajuda no equilíbrio do sistema nervoso, em problemas como ansiedade ou distúrbios de sono. A visceral ajuda a melhorar problemas gástricos, como as hérnias do hiato, refluxo gastroesofágico e outras.”
O acompanhamento da grávida, no pré e pós-parto, também tem resultados muito interessantes, explica-nos a osteopata Maria Manzaca. “Na gravidez, a osteopatia ajuda a aliviar pequenos males, como ciatalgia (dor ciática), pernas pesadas ou dores da articulação temporomandibular. Vamos agir na libertação da musculatura do pavimento pélvico e reforçar o tónus muscular do períneo, para facilitar a expulsão durante o parto, e, além disso, mobilizamos os ossos da bacia, para que a sua abertura seja mais fácil.” Acácia Coyac acrescenta: “Se a bacia ficar bloqueada no parto, a mulher poderá ter uma depressão pós-parto porque o sacro fica bloqueado. Logo, a libertação de neurotransmissores de bem-estar, como a serotonina, também vai estar diminuída. Até é importante para que a mulher possa retomar, mais rapidamente, a sua vida sexual normal.”
HÁ CONTRAINDICAÇÕES?
“Se estiver nas mãos de um bom terapeuta, não. Pessoas que tiveram AVC não podem fazer osteopatia sacrocraniana, mas podem fazer-se outras vertentes. Não pode usar a osteopatia estrutural numa pessoa com osteoporose, mas podem-se aplicar técnicas sacrocranianas ou viscerais. Não deve aplicar a osteopatia sacrocraniana a quem sofra de epilepsia, mas pode aplicar técnicas mais musculo-esqueléticas.
A osteopatia não trata doenças mais complicadas, como espondilite anquilosante, artrite reumatoide ou doenças reumáticas, mas dá mais qualidade de vida ao paciente através do alívio da dor.”