Um novo estudo sobre a segurança dos partos feitos em casa, realizado nos Estados Unidos, demonstra que a taxa de sucesso é elevada, registando-se poucos casos em que seja necessária intervenção clínica posterior.
O estudo analisou os resultados dos partos feitos em casa a 17 mil mulheres, registados pela Aliança de Parteiras da América do Norte, entre 2004 e 2009.
Melissa Cheyney, professora de Antropologia Medicinal da Universidade Estadual de Oregon, disse ao The Huffington Post que “se são seguros os partos domiciliares nos Estados Unidos, então porque não haver um sistema de integração entre partos domiciliares e hospitais?"
Cerca de 94% das mulheres no estudo tiveram um parto vaginal, e menos de 5% recorreram à epidural. Onze por cento das mulheres que pretendiam dar à luz em casa, foram transferidas para um hospital. As principais razões razões apontadas para a transferência foram a falta de dilatação, seguido do desejo de alívio da dor, sofrimento fetal e exaustão materna. Cerca de 1.100 mulheres no estudo tentaram um parto vaginal após cesariana, e desse grupo, 87% tiveram um parto vaginal.
Para os recém-nascidos, os resultados foram também positivos, segundo os investigadores.
Um e meio por cento dos recém-nascidos tiveram um baixo índice de Apgar (a avaliação de 5 sinais do recém-nascido nos primeiros minutos de vida: frequência cardíaca, respiração, tónus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele ), e 2,5% foram internados no hospital, pelo menos uma vez, nas primeiras seis semanas. No mesmo período, mais de 97% dos recém-nascidos foram amamentados.
Atualmente, apenas 1% de todos os nascimentos nos EUA ocorrem em casa ou em centros de nascimento (centros onde contam com a assistência de parteiras), embora o fenómeno esteja em ascensão. Estimativas recentes sugerem que a proporção de partos domiciliares aumentou 41% entre 2004 e 2010.
Ainda assim, o nascimento em casa tem muitos críticos. Um artigo de opinião publicado na passada semana no Journal of Medical Ethics apelou para uma maior investigação sobre o risco de deficiência evitável, a longo prazo, associada ao parto domiciliar, e comparou o mesmo a uma condução sem cinto de segurança.
Em Portugal também é cada vez maior o número de mulheres que opta por realizar o parto em casa. O ambiente familiar e o desejo, por parte de mães, de uma menor intervenção clínica, são os principais argumentos dos defensores deste sistema. Adelaide de Sousa foi umas dessas mulheres. Em 2009, desejou ter o seu bebé em casa mas, segundo contou à Caras, ela e o filho correram risco de vida.
Durante quatro dias, a apresentadora de 40 anos, esteve em trabalho de parto e só desistiu de ter o bebé em casa "por exaustão". Em apenas 20 minutos, a criança nasceu de cesariana, na maternidade.