As hormonas produzidas durante a gravidez e pós-parto, para estimular a amamentação, nos mamíferos, podem ser também ditar diferenças na composição do leite materno, consoante o sexo do recém-nascido. As conclusões são de um estudo publicado nos EUA, a 14 de fevereiro. "As mães produzem receitas [de leite] diferentes para rapaz e para rapariga" explicou Katie Hinde, responsável pelo estudo e bióloga da Universidade de Harvard.
As diferenças observadas mostram que, na amamentação, os rapazes recebem mais proteínas e gorduras, enquanto as raparigas recebem, em média, quantidades maiores de leite materno.
Este estudo pode contribuir para melhorar as fórmulas de leite dadas às crianças, quando as mães não podem ou não são capazes de amamentar. "Se o valor nutricional do leite conseguir ser bem reproduzido nas fórmulas, os nutrientes vão beneficiar o sistema imunitário, ainda que não sejam os factores hormonais a favorecer a produção", disse Katie Hinde. A investigadora explicou ainda que a compreensão destas diferenças pode ser útil nos hospitais, para que os bebés prematuros ou doentes possam ser alimentados de forma mais eficaz, a nível nutricional.
O fenómeno não é exclusivo dos humanos: entre os macacos Rhesus e outros mamíferos, como as vacas, passa-se o mesmo. Os especialistas em Biologia da Evolução têm algumas explicações teóricas para estas diferenças nas receitas.
Nos macacos Rhesus, por exemplo, o leite dado às fêmeas é mais rico em cálcio – a quantidade fornecida também é maior – de modo a acelerar o seu desenvolvimento, uma vez que vão começar a reproduzir-se e a amamentar cedo, como as mães. Os machos não precisam de começar a reproduzir-se tão cedo; a chave do sucesso reprodutivo está em ter o maior número de parceiras possível.
Não se sabe ainda se, entre os humanos, as diferenças podem ser explicadas da mesma maneira mas as evidências parecem mostrar que as elas começam a produzir-se ainda durante a gestação no ventre materno.