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Pensávamos que iamos para o paraíso, mas é incrível como uns pequenos nadas podem arruinar qualquer paraíso…

– A celulite

Desde que demos connosco reflectidas naquele espelho acusador que nos gritou: ‘Meu Deus, quem é esta gorda?’ que jurámos uma coisa: praia, só de capote alentejano. Como o capote acabou por não ser prático, enchemos a mala de belos pareos protectores da nossa autoestima. Desgraçadamente, a mala dos pareos acabou por se extraviar no avião e foi parar a Oslo enquanto nós fomos alegremente para Porto Santo… De repente, vemo-nos em pleno areal totalmente expostas. Vamos ao mar às arrecuas e a dizer adeus, para que ninguém note as crateras que nos enfeitam as pernas. A conversa feminista de ‘a beleza interior é que conta’ não nos anima. Ficamos de repente reduzidas a meio neurónio: não queremos ser boas pessoas nem espirituosas nem doutoradas em microbiologia! Queremos ser a Gisele Bundchen! Pelo menos durante 15 dias! Pronto, sete! Dois? Buuuuuu!

– Solução radical: Arranje um chapéu de abas cor de laranja. Enquanto dizem ‘Olha que chapéu tão giro’ nem estão a olhar para as pernas.

– Solução suave: Levante a cabeça, endireite as costas e dê umas boas gargalhadas. Ninguém vai pensar em si como ‘aquela gorda com umas pernas de fugir’, mas como ‘aquela rapariga tão gira e simpática’. Além disso, pense que a esmagadora maioria das outras pessoas não estão a olhar para os outros, estão exactamente como nós: preocupados com o seu próprio umbigo…

– O colega encontrado por acaso

‘Vamos lá pessoal, quem é que quer vir aqui ao palco imitar a Carmen Miranda? Ah muito bem, temos aqui uma simpática voluntária à força… hehehehe… É muito simples, basta colocar este ananás na cabeça… isso… agora estes sapatos amarelos… muito bem.. está tudo? Ai faltam as maracas…” E de repente, assim como está, de ananás, lantejoulas e maracas em cima do palco do ‘Hotel Pérola Tropical no Brasil (ou Cancún ou Algarve), você, a simpática voluntária à força, olha para a primeira fila e dá de caras com o Gonçalo do ‘marketing’, o Gonçalo do ‘marketing’ sentadinho lá em baixo de olhos arregalados e beiço caído sem acreditar no que está a ver, que a encontra à hora do almoço no ‘buffet’ e lhe diz: “O ananás fica-lhe lindamente.”

– Solução radical: “Tu também ficas charmoso com essa camisa de palmeiras, meu grande beto.”

– Solução suave: Ria-se e concorde. Afinal, ele está no mesmo sítio, depois de amanhã ainda há-de encontrá-lo a ele próprio ataviado de Joselito ou na aula de aeróbica de praia ou a cantar o ‘Dancing Queen’ dos Abba na sessão de karaoke, e ainda se vão rir os dois disto. Afinal, à sua amiga Paula aconteceu pior: deu de caras com o Dr. Lucrécio Varela nuínho em pêlo numa praia naturista a avançar para ela igualmente desapetrechada de qualquer espécie de roupa…

– Olha, está a chover

Prometeram-lhe areais escaldantes onde as suas únicas preocupações seriam escolher entre um FP45 e um FP50, e afinal de escaldante nem o chazinho do bar… Chove como naqueles episódios do ‘National Geographic’ sobre as monções. Assistir ao vivo a uma moção não a anima. Apetece-lhe amaldiçoar a menina da agência que lhe garantiu que o fim de Maio era a melhor altura para conhecer Cuba. No caminho para a praia, com um céu negro-azeviche (que não sabe o que é mas que agora também não lhe interessa), encontra outro casal de portugueses que lhe conta melancolicamente que tem estado a chover ininterruptamente há uma semana. Assim que chega à praia, a tempestade desaba. No hotel não há nada para fazer a não ser ajudar a recolher os colchões. Lá fora não há nada para ver porque isto aqui é só mar e areia. No primeiro dia, joga à bisca durante 24 horas. No segundo dia, já sabe de cor todas as canções do karaoke. No terceiro dia, já sabe de cor cada centímetro da única rua que tem a aldeia lá ao pé. Ao quarto dia, já trata cada nativo pelo nome e pergunta como vai a família. Ao quarto dia, desenvolve uma intoxicação alimentar, de tédio, e conhece um simpático médico nativo de 70 anos. Ao quinto dia, vai tomar banho na piscina, mesmo a chover. Ao sexto dia, inscreve-se numa excursão caríssima a um sítio qualquer muito longe, que acaba por ser desmarcada por causa da chuva. Ao sexto dia, até já escreveu um postal à professora de geografia do 9º ano. Ao sétimo dia, na viagem para o aeroporto, faz um sol radioso.

– Solução radical: Reunir todos os hóspedes e fazer uma dança guerreira a pedir sol.

– Solução suave: Aproveite para desenterrar todos os jogos de sociedade de que se lembre. É uma boa oportunidade de fazer novos amigos.

– A fila para a praia

A praia é óptima. O hotel também. O pior é o que fica entre a praia e o hotel, ou entre a praia e casa: quilómetros de passo-a-passo. Só se consegue lembrar daquela anedota das velocidades alentejanas devagar, devagarinho e parado. Podia ter vindo de tractor. As crianças uivam no banco de trás. Já jogaram quatro vezes ao jogo do alfabeto e ouviram cinco vezes o cd dos ‘Galarós’. Está capaz de passar por cima de todos os imóveis fitipaldis à sua frente. É acometida por uma vontade incontrolável de buzinar. Em vez disso, ameaça abandonar na estrada quem quer que torne a abrir a boca. Quando chega à praia, descobre que o mais velho fez xixi no banco e o mais novo ressona que ninguém o acorda. E à vinda, é a mesma coisa. Tristemente, para trocar os horários à fila é preciso ir e vir a horários surrealistas: chegar à praia às 7 e sair às 11. Chegar ao meio-dia e sair às 4. Chegar às 7 e sair à meia-noite… Grrrrrr!

Solução radical: Institua o costume do banho da meia-noite.

Solução suave: Pois, não estamos em férias para nos levantarmos com despertador, mas pode compensar. Habitue-se às delícias da praia um pouco mais fria, um pouco mais deserta, mas um pouco mais sua… Regresse mais cedo e de tarde vista o seu top mais radical e complete o bronzeado numa esplanada.

– A amiga da amiga

“Joana! Há que tempos que não te via!” Tinha planeado aquela saída para pôr a bisbilhotice em dia, abrir o coração, desabafar tristezas, pedir conselho sobre o que fazer ao sacana do Vasco, mas em pleno areal cai-lhe uma personagem que não entrava na história e que, claro, tem de convidar a juntar-se a vocês, e ali ficam a tarde toda a conversar de gente que você não conhece e de assuntos que não lhe dizem nada, e ainda por cima a outra prefere deitar-se na areia molhada. Infelizmente, como é amiga da sua amiga e não sua, não lhe pode dizer: “olha, baza.” Também não é aconselhável ir ao parque de estacionamento furar-lhe os pneus.

– Solução radical: Diz que tem muito que fazer em casa e muda de praia.

– Solução suave: Tenta fazer um ar simpático e participar na conversa. Se não conseguir, aproveita para pôr a leitura em dia ou ir dar uma volta ao fim do areal.

– O telefonema do trabalho

“Está? Mariana? Desculpa lá interromper-te as férias, mas já demos a volta toda às tuas coisas e não conseguimos encontrar aquele dossier sobre as florestas… está onde? Ah, mesmo em cima da tua mesa.” “Está, Mariana? Olha ligou o Dr. Saraiva diz que é para não te esqueceres que há reunião na quarta feira. Na quarta feira ainda aí estás? Mas ele diz que não o avisaste. Avisaste três vezes?” “Está Mariana, o Dr. Saraiva diz que os americanos se vão embora na quinta e não podem desmarcar a reunião. Podes mandar um fax?”. “Está Mariana, um dos americanos quer saber onde é que se come uma boa paelha, já lhe disse que não está em Badajoz mas ele não acredita.” “Está Mariana, são onze horas e os americanos ainda não apareceram e o Dr. Saraiva quer saber o que é que faz. “Está Mariana, parece que um dos americanos teve uma indigestão de pezinhos de coentrada mas não sabemos para que hospital foi…”

– Solução radical: Vá de férias sem rede.

– Solução suave: Aqui não há alternativa suave. A não ser que seja médica ou que alguém tenha a sua vida dependente de si, se não quer mesmo ser incomodada, não atenda o telemóvel a quem não seja sua mãe ou seu filho. Se há dez anos sobreviviam, podem voltar a sobreviver.

– As ‘lembranças’

Geralmente guardamos o último dia para ‘acheter’ uns ‘recuerdos’, mas a tarefa não é tão fácil como pensávamos. Volta-se ao hotel com um serviço de chá em loiça típica, três bonecas tradicionais que comprou inicialmente para cada uma das suas sobrinhas até se aperceber que eram bonecas de vudu e portanto teve de lhes comprar um urso, um a cada uma porque senão pegam-se, mais outro serviço de chá para a sua sogra porque senão diz que você não lhe liga, um livro de receitas para a tia Ana, uma toalha bordada para a Marta, uma t-shirt para cada um dos seus amigos, e quando chega ao hotel tem de voltar a sair porque se esqueceu da tia Teresa. Na altura de fazer as malas percebe que não vai poder levar os serviços de chá e mais o que comprou para si própria embora não se lembre da última vez que serviu chá, e isso angustia-a porque o mais provavel é não voltar ali nunca mais na vida. Quando já tem tudo fechado e não cabe nem mais um cabelo, vê que ficaram de fora as suas saias típicas. Chega ao aeroporto derreada com quatro sacos extra. Algum vai ter de ficar. Bem implora, mas nada. Oferece-se para ficar refém com os sacos. ‘Non madame, as malas não podem embarcar sem si.” É nessa altura que percebe que afinal não é tão altruista como pensava. Acaba por sacrificar os serviços de chá. Ou então deixa as saias típicas, põe os serviços às costas e amaldiçoa-se por ser tão boa pessoa.

– Solução radical: Avise logo com antecedência que não traz presentes para ninguém. Quando muito uns caramelos do ‘free-shop’.

– Solução suave: Traga ‘recuerdos’ apenas para a sua família mais próxima. Se se põe a presentear a tia Augusta, não tem carteira nem tempo que chegue.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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