
Noreena Hertz, economista e autora de ‘O Tigre e a Serpente’ (Lua de Papel)
Todos os dias tomamos decisões importantes. Algumas podem mesmo mudar o curso da nossa vida, quer se trate de decidir em que tipo de investimento devemos aplicar o nosso dinheiro, se avançamos ou não para aquele tratamento de que o médico nos recomendou, ou se aceitamos aquelas proposta de emprego que até parece tentadora.
Noreena Hertz, ela própria uma conselheira profissional de políticos e diretores de multinacionais, propõe que mudemos de atitude, para podermos decidir melhor.
– Não aceite a opinião de especialistas sem a pôr em causa – eles também se enganam, e muito. Faça a sua própria pesquisa sobre o assunto sobre o qual está a tentar decidir, em livros, na Internet, junto a pessoas mais informadas.
– Procure opiniões alternativas à do perito que consulta. Peça sempre um segundo e terceiro parecer e para ver as provas dos seus argumentos.
– Reúna o seu próprio ‘conselho de sábios’, como lhe chama Hertz, gente que, não sendo especialista, lhe pode descodificar palavras difíceis e terminologia científica.
– Ouça os ‘especialistas leigos’. Os doentes que partilham a sua experiência em fóruns e grupos de ajuda podem ajudá-la tanto como o médico mais reputado, quando tiver que tomar uma decisão com respeito à sua saúde. E é sempre inteligente ouvir a opinião de quem, não sendo formado em universidades, tem mais experiência no terreno. Se tem uma empresa, ouça a opinião dos funcionários menos graduados e implemente as ‘caixas de sugestões’, onde toda a gente é convidada a dar o seu contributo.
– Procure a divergência. Eleja o seu ‘desafiador-mor’, alguém que seja capaz de contra-argumentar consigo, apresentando-lhe outras perspetivas. Não o sinta como ataque; é uma vantagem. Não prefira a informação com a qual concorda mais. “Temos uma propensão para nos inclinarmos a aceitar informação que confirme aquilo em que já acreditamos e que esperamos ser a resposta. Quando isto acontece, temos uma descarga de dopamina, semelhante àquela que acontece depois do sexo ou de nos apaixonarmos”, diz Noreena.
– Não confie demasiado na experiência. A experiência é uma das nossas melhores armas mas, aquilo que era válido ontem não tem que o ser hoje. Vários empresários mundialmente famosos perderam milhões baseados na experiência passada, esquecendo que estão num mundo em mudança, relata Norrena no seu livro.
– Tome consciência das suas emoções antes de decidir. Sem emoções nem conseguiríamos tomar decisões acertadas. Mas elas podem interferir. Pense: está irritada, frustrada, feliz? O stresse emocional pode impedi-la de decidir com clareza, mas a felicidade a mais também. As pessoas um pouco mais pessimistas costumam ser mais realistas a avaliar os riscos, diz-nos Noreena. “Espere o melhor, mas acautele o pior cenário.”
– Não tome decisões importantes de estômago vazio ou com sono. Coma de três em três horas: a fome é um dos principais fatores que podem diminuir o desempenho de cirurgiões e pilotos de aviação. A privação do sono também nos leva a avaliar mal as situações. Numa situação de emergência, por exemplo, pelo menos metade da equipa de apoio deve estar bem repousada.
– Limite o tempo e as opções. É ótimo viver numa sociedade de informação, mas às vezes também atrapalha. “Há que ser prático e estabelecer um tempo limite para a tomada de decisão, ou continuaremos a pesquisar eternamente. Se não for uma questão muito importante, limite o seu número de opções. E concentre-se nas decisões que realmente importam”, aconselha Hertz.
– Delegue e desligue. Desligue o telefone e o computador, afaste-se do stresse para pensar claramente. E, sempre que possível, confie nos outros para delegar neles algumas decisões.