Durante décadas, muitas mulheres com cabelos encaracolados e crespos faziam de alcançar o liso perfeito uma prioridade, quer fosse através de alisamentos químicos ou de técnicas mecânicas, mesmo que isso significasse sacrificar a saúde dos fios.
Felizmente, a tendência está a reverter. Digo isto não por ter algo contra cabelos lisos, mas sim porque este é um indicador de que o amor-próprio está a tornar-se uma prioridade. Embora não existam dados estatísticos sobre esta realidade em Portugal, é fácil ver as mudanças em todo o lado: nas redes sociais, nas ruas e, acima de tudo na indústria de beleza, sendo que as marcas mainstream estão, pouco a pouco, a deixar de oferecer produtos para “solucionar” estas texturas. Agora, apostam em desenvolver fórmulas para cuidar delas.
Dito isto, os caracóis, ondulações e carapinhas requerem cuidados específicos para estarem sempre no seu melhor e, por isso mesmo, aqui ficam alguns cuidados universais que podem ajudar nesse sentido.
Atenção ao champô
A melhor forma de higienizar os fios, sobretudo os crespos, é praticamente um consenso entre os profissionais.
“A técnica de pouco champô é a mais indicada para manter a hidratação”, sublinha Almiro Nunes, do salão Clínica de Cachos, em São Paulo, à revista brasileira “ISTOÉ”. “E, mesmo usando pouco, fique longe dos que contenham sal ou algum produto com derivados de petróleo e silicones insolúveis”.
Além de deixarem os cabelos pesados e baços, estes componentes vão ficando depositados nos fios e comprometem a vitalidade. Dilua o champô em água antes de aplicar ou procure produtos classificados como “low poo”, que os contêm em menor quantidade. Também pode apostar na técnica de “no poo”.
E o que é “no poo”?
Muito resumidamente, o termo significa “nada de champô”. É uma filosofia e um método de limpar o cabelo sem recorrer a champôs tradicionais, e cativa muitas mulheres por diversas razões. Umas querem evitar a remoção excessiva de óleos bons e naturais produzidos pelo couro cabeludo; outras simplesmente querem usar menos produtos químicos nas suas rotinas diárias; e também há quem queira rejeitar a pressão para gastar dinheiro em higiene do que o necessário.
Independentemente da motivação, esta forma de tratar o cabelo exige cuidados especiais como, por exemplo, evitar usar produtos de styling que contenham ingredientes como, por exemplo, óleo mineral, petrolatos, vaselina e parafinas, na sua fórmula. Antes de mergulhar na técnica, procure um profissional para orientá-la na melhor forma de remover todos os resquícios da rotina anterior que ainda estão presentes nos fios. Uma fez feita a transição, a higienização passa a ser feita apenas com condicionadores livres de silicones, sendo que já existem gamas específicas para este efeito.
Quais são os melhores produtos para dar definição?
Opte pelos de extratos naturais e óleos 100% vegetais, que repõem os nutrientes dos fios e não deixam vestígios que ressecam. Após a aplicação, invista no processo de fitagem. “Ele consiste em apenas passar os dedos entre as porções de cabelo, separando-o em ‘fitas’, o que ajuda na formação dos caracóis”, explica Almiro. Porém, o profissional adverte que não há regras. Ou seja, só encontrará o que funciona para si depois de experimentar vários produtos.
Há algum segredo para os caracóis ‘acordarem’ plenos?
Essas texturas costumam amanhecer amassadas e com frizz, devido à pressão que a cabeça exerce sobre a almofada. Para contornar o problema, durma com um lenço de seda ou cetim, ou troque o tecido das fronhas do algodão para estes tecidos mais suaves. Assim, evitará que os cabelos fiquem frisados e será muito mais fácil mantê-los bonitos no dia seguinte. É importante sublinhar que a saúde dos fios também conta muito: aqueles que estão saudáveis apresentam mais definição.
Tenho mesmo cortar as ferramentas de styling ativadas através de calor?
À semelhança do que acontece com todas as texturas, a utilização de secadores, ferros e modeladores deve ser feita com cuidado. Como os cabelos encaracolados e crespos são mais propensos ao ressecamento, a aplicação de um protetor térmico é essencial para protegê-los nessas alturas. Se aderir às técnicas de “low poo” ou “no poo”, lembre-se de procurar produtos livres de sulfatos e parabenos.
Qual é a melhor forma de usar o difusor?
Existem dois objetivos para o uso do difusor: acelerar a secagem e aumentar o volume. Almiro Nunes, do salão Clínica de Cachos, ensina que a melhor forma de conseguir o segundo efeito é inclinar a cabeça para o lado direito enquanto posiciona o secador por baixo, na região da raiz, e repetir o processo do outro lado. “Eliminar o excesso de água da raiz do cabelo faz com que tenhamos um resultado mais positivo em todo o comprimento, já que o fio fica mais leve”, explica.
Devo cortar o cabelo de uma maneira especial?
Há uma regra que vale para crespas e encaracoladas: nunca corte o cabelo molhado. Este é o melhor conselho que os especialistas podem dar e prende-se com uma característica chamada ‘fato encolhimento’. O que acontece é que estes tipos de cabelo não crescem diretamente para baixo; em vez disso, fazem caracóis ou ziguezagues, para dar formato aos fios. Quando são lavados, ficam um pouco mais abertos e mostram o seu real comprimento, contudo, durante o processo de secagem, voltam a ficar mais curvados e parecem ter encolhido. Quanto mais fechados forem os caracóis, maior será o fator encolhimento. Fazer um corte no cabelo seco ajudará a visualizar melhor o resultado final e até permite moldar o formato, direcionando o volume para as áreas desejadas.