“Sabem que estão a deitar fora um tesouro? As grainhas de uva contêm os mais poderosos antioxidantes do mundo vegetal.” Foi esta frase do Prof. Joseph Vercautren, da Faculdade de Farmácia de Bordéus, grande especialista mundial em polifenóis da vinha e sua estabilização, que deu origem à marca Caudalie. Mathilde Thomas estava com o marido, Bertrand, nos vinhedos dos pais e, naquela tarde de vindimas, a frase deixou o jovem casal a olhar com outros olhos para o monte de uvas espremidas e descartadas… Dois anos mais tarde, em 1995, nascia a Caudalie e com ela a cosmética formulada com ativos extraídos da vinha. A videira tem muito para oferecer: ou não fosse ela umas das plantas mais antigas e resilientes do planeta, capaz de ultrapassar os 100 anos de vida. O ativo que lhe dá as suas capacidades de defesa e regeneração é o resveratrol, que a marca extrai dos sarmentos e utiliza, em versão estabilizada, para ajudar a pele a lutar contra as rugas e a flacidez. É ele a estrela da recente linha Resveratrol Lift, que iniciou a parceria entre a Caudalie e a Faculdade de Medicina de Harvard, com o especialista em envelhecimento e longevidade David Sinclair. Nessa altura, Sinclair e a sua equipa descobriram que ao associar ácido hialurónico ao resveratrol a produção do ácido hialurónico natural da pele (que a mantém hidratada, densa e lisa) era estimulada, o que alargava a ação rejuvenescedora dos produtos. Mas a investigação não pára, e surgiu uma nova descoberta que levou a uma reformulação dos ativos da linha para a tornar ainda mais eficaz (ver caixa ao centro). Uma reformulação que se estende também às fórmulas e embalagens. Mathilde cresceu com uma forte ligação à natureza e faz questão de a respeitar. A marca tem, desde muito cedo, aquilo a que chama a sua ‘cosm-ética’, uma carta de princípios éticos e ecológicos que todos os anos vai sendo afinada, e da qual faz parte uma lista de ingredientes que Mathilde se recusa a utilizar, como parabenos, fenoxietanol, ftalatos, óleos minerais, organismos geneticamente modificados, ingredientes de origem animal e muitos outros. Foi também a primeira empresa de cosmética a tornar-se membro da organização 1% For The Planet, dando 1% da sua faturação anual mundial para projetos ambientais. Para Mathilde, a sensorialidade dos produtos é muito importante, mas optou por usar fosfolípidos naturais em vez de silicones.
Tem uma nova sede em França, num edifício ecológico que reúne as áreas de pesquisa, formulação e fabrico, e acaba de renovar uma das suas linhas mais emblemáticas. É a revolução na Caudalie?
Sim, mas não é de agora, começou a tomar forma em 2015 porque decidi que queria ir ainda mais longe no natural e clean. Portanto, a partir de 2016 começámos a formular completamente sem silicones e sem PEGs, em todas as fórmulas que íamos pondo no mercado, a ir ainda mais longe do que já íamos na nossa ‘cosm-ética’. Abrimos um laboratório de formulação natural, temos uma biblioteca de matérias-primas naturais, portanto estou pronta para a revolução cosm-ética! Analisámos todas as fórmulas de cada um dos nossos produtos, linha a linha, e dissemos: como é que podemos melhorar para, por um lado, ter mais eficácia e, por outro, tornar as fórmulas mais naturais, com pelo menos 95% de ingredientes de origem natural? E como podemos ir mais longe no clean, retirar todos os perturbadores endócrinos, todos os ingredientes que não são biodegradáveis, os derivados da indústria petroquímica? Portanto reformulámos sem silicones, sem microplásticos e sem todas as coisas que estão no que chamo a ‘Caudalie No List’. Na minha mente havia três coisas: a primeira é a eficácia, que é a minha prioridade máxima, a segunda é o clean e natural, que para mim é obrigatório, e a terceira são as embalagens. Porque a eco-responsabilidade é o novo luxo. Temos um especialista em embalagens verdes e ecológicas, e graças a ele pusemos um doseador no sérum e eliminámos a tampa de plástico, deixámos de usar peças de metal e efeitos metalizados, e deixámos de usar vidro pintado e opaco, porque isso o torna irreciclável. Quero que as minhas embalagens sejam todas recicladas, recicláveis ou recarregáveis em 2022.
Atualmente é possível fazer um produto cosmético 100% natural, exceto os óleos ou águas florais? Uma fórmula mais complexa pode ser 100% natural?
Neste momento, eu não consigo fazer. Não consigo fazer um creme 100% natural que seja eficaz. Tenho a minha Eau de Beauté que é 100% natural, a Eau de Raisin, todos os óleos, os esfoliantes, mas um creme não. Logo para começar, o nosso resveratrol estabilizado não é considerado um produto natural, mesmo sendo estabilizado com um ácido gordo natural, mas como há uma manipulação humana para extrair e estabilizar, não é considerado como um ingrediente natural. Essa é a primeira coisa. A segunda coisa é que uso ingredientes como a niacinamida ou os péptidos, ácido glicólico, que não são naturais, embora sejam supereficazes e não são perturbadores endócrinos.
Cosmética de nova geração
Um bom exemplo deste novo rumo da cosmética é a linha da Caudalie Resveratrol-Lift, que vai ainda mais longe em termos de eficácia antirrugas e flacidez, mas também em sustentabilidade.
A nova fórmula tem por base uma nova patente, resultante da parceria com a Faculdade de Medicina de Harvard: um complexo ativo que combina o famoso resveratrol establizado, ácido hialurónico micro de dois tamanhos diferentes e um extrato de casca da árvore de mogno (extraída de forma sustentável) que estimula a produção natural de colagénio pela pele. As embalagens elegantes são 100% recicláveis, sempre com as texturas e aromas que são um dos ex-líbris da marca.