Na sequência da presença deDavid Morgado no programa ‘Vale Tudo’, da SIC, a atriz Maria Vieira teceu alguns comentários na sua página do Facebook que geraram polémica, questionando os motivos que levaram o ator (já famoso em Hollywood) a aceitar participar naquele programa.
Entre as críticas, podia ler-se: “Em inofensivo zapping, dou por mim a sintonizar a SIC e que vejo eu? O Diogo Morgado, ator português que vive justo reconhecimento na indústria cinematográfica americana, a participar numa coisa tipo programa de televisão que envolve planos inclinados, quedas aparatosas, embates mais ou menos estúpidos contra paredes e efectivação de figuras ridiculamente idiotas”. Ou, mais à frente: “O que é que o Diogo Morgado faz ali? Alguém o obrigou a participar sob ameaça da própria vida? Então porquê? Precisará ele dos míseros euros que supostamente lhe pagam para fazer aquelas figuras? Será que ele pretende arruinar o que de bom lhe tem acontecido nos últimos tempos? Terá ele enlouquecido?”
Agora, Maria Vieira sentiu que tinha mais a dizer sobre o assunto dado a polémica que gerou. E este foi o texto publicado pela atriz, também na sua página oficial do Facebook onde, afinal, tudo começou!
“No seguimento de um texto que publiquei na minha página de Facebook, criticando um programa de televisão e a participação de um respeitável colega de profissão no mesmo, e com o intuito de esclarecer, definitivamente, a lamentável polémica levada a cabo por alguns órgãos de comunicação social, venho, desta forma e depois de me ter recusado a responder aos numerosos telefonemas de revistas e afins, no sentido de alimentar caixotes do lixo mediáticos, esclarecer esta inequívoca tentativa de colocar pessoas públicas umas contra as outras. Antes de mais, devo afirmar, perentoriamente, que tenho o maior respeito e a maior estima pelo meu colega Diogo Morgado que, apesar de não fazer parte do meu círculo de amigos pessoais, sempre tive em conta como uma pessoa afável, cordial, simpática e talentosa. O comentário que postei no passado Domingo era, essencialmente, uma crítica à evidente imbecilidade do programa “Vale Tudo” e à participação do Diogo num conteúdo televisivo que acho de todo inapropriado para qualquer actor, sobretudo para alguém que, à semelhança do próprio acumula responsabilidades artísticas a nível internacional. Convenhamos que, quando, ao ligar a televisão, deparamos com a imagem de um actor consagrado e respeitado, a escorregar, arrastando-se pelo solo, até embater violentamente contra uma parede, possamos ficar, no mínimo, ligeiramente incomodados; eu, pelo menos, fiquei, e por isso, revoltada com aquilo que vi, resolvi partilhar a minha opinião na minha página do Facebook, com os meus amigos virtuais. Acontece que algum desses supostos “amigos” resolveu subtrair o meu texto, acrescentar um título provocatório, mentiroso e polémico e passo a cita-lo – “Maria Vieira Arrasa Diogo Morgado” – e publica-lo num órgão de comunicação social na óbvia esperança de vender mais alguns rolos de papel mergulhado em cretina coscuvilhice!
Lamento profundamente o chorrilho de insultos e ordinarices que essa pseudo-notícia entretanto despoletou, mas, tendo em conta o público alvo do programa em causa, sou levada a entender e a perdoar o baixo nível dos mesmos.
Segundo o meu ponto de vista, e vivendo nós numa sociedade democrática, eu tenho, à semelhança de toda a gente, o direito a emitir a minha opinião, desde que preserve o devido respeito pelos visados nas minhas críticas e pelo seu respectivo bom nome. Faço notar que, ao longo da minha extensa carreira reconheço ter feito coisas menos boas em termos profissionais, mas todas elas terão sido efectuadas sob a proteção de um personagem (essa é, de resto, a função primordial do actor) e não na qualidade da cidadã Maria Vieira e isso, definitivamente, marca toda a diferença… Não sou (como sabem todos aqueles que me conhecem pessoalmente e que fazem o favor de ser meus amigos) nem presunçosa, nem arrogante, nem invejosa como alguns pretendem insinuar e muito menos teria a veleidade de invejar os meus colegas que participam ou participaram num programa a que jamais aceitaria associar a minha imagem. Acresce dizer que me entristece e me preocupa substancialmente estar assistindo a esta desmesurada propagação de programa televisivos onde se vulgariza a profissão de actor, aliciando ou coagindo profissionais do ramo a escorregarem sobre planos inclinados, a fazerem mímica pendurados no tecto, a integrarem “Reality-Shows” e “Game-Shows”, a mergulharem em piscinas, a serem “apanhados” e outras preciosidades do género
O actor é um agente cultural dedicado á nobre arte de representar, é alguém que dá voz e corpo à cultura de um povo, não é seguramente, uma ferramenta ao serviço de programas televisivos cujo conteúdo roça a imbecilidade e a pobreza de espírito. O actor deve integrar elencos de séries ficcionais, comédias televisivas, teatro, cinema e performances culturais, essa é a função para a qual foi talhado.
Eis a minha opinião, emitida num Estado de Direito Democrático, valendo tanto como as restantes e merecendo exactamente o mesmo tipo de respeito sem que tenha de ser sujeita a verborreias idiotas, a ordinarices vulgares e a insultos energúmenos!
Posto isto, e agora com o meu conhecimento, os senhores da imprensa mais colorida podem (ainda que eu duvide que agora o façam) publicar nas suas páginas esta minha já longa dissertação que, lamento, mas decerto não renderá tanto papel como “Maria Vieira Arrasa Diogo Morgado” ou “Guerra Entre Actores”…”