O nome que lhe puseram, logo no início da carreira – “The Look”, ou O Olhar – assentava-lhe como uma luva: magnético, confiante, misterioso, sedutor, insolente, era, afinal, apenas uma forma de esconder a timidez e o nervosismo que a faziam tremer na sua estreia em cinema, como a própria confessou mais tarde.
Lauren Bacall – nascida Betty Joan Perske, em Nova Iorque, 1924 – foi um dos maiores nomes da era de ouro de Hollywood, uma das suas maiores divas. Morreu na manhã de 12 de agosto, na mesma cidade em que nasceu e que amava, aos 89 anos, não resistindo a um AVC.
Uma das belezas mais icónicas do cinema, com um estilo copiado até hoje pelas amantes do vintage, Lauren Bacall começou a carreira como modelo, ainda na adolescência. Aos 18 ganha o seu primeiro papel numa peça da Broadway. Não levou muito tempo até ser descoberta por Hollywood.
Eis alguns dos seus melhores momentos:
No seu primeiro filme, ‘To Have and to Have Not – Uma Aventura da Martinica’ (1944, de Howard Hawks), a estreante Bacall, apenas com 19 anos, conhece Humphrey Bogart, 45, já então uma lenda em Hollywood. É deste filme uma das suas frases mais icónicas, dita com aquela insolência malandra que sempre a caracterizou: “Sabes assobiar, não sabes Steve? É só juntar os lábios… e soprar.”
A química entre Bogart e Bacall viria a resultar em outros filmes em que atuaram como dupla romântica – ‘À beira do Abismo’ (1946) e ‘Key Largo – Paixões em fúria’ (1948) – e num casamento que só acabaria em 1957, com a morte de Bogart por causa de um cancro na garganta. Bacall foi a sua quarta mulher e aquela que o fez mais feliz, segundo o ator.
Com Betty Grable e Marilyn Monroe, protagoniza ‘Como se conquista um milionário’ (de 1953, realizado por Jean Negulesco) no papel de Schatze Page. Esta é uma das cenas mais famosas da comédia romântica, em que ‘Schatze’ ensina às amigas onde e como se conhece um homem rico. No final, Loco (Betty Grable) diz a Pola (Marilyn Monroe): “A sério, acho que ela é a pessoa mais inteligente que já conheci.” Os realizadores sabiam bem que Lauren não era o protótipo da beleza ingénua e meramente decorativa: papéis de mulher inteligente e confiante, que (quase) nunca se deixa enganar e sabe bem o que quer da vida, eram feitos para ela.
Em ‘Designing Woman – A Mulher Modelo’, comédia romântica realizada por Vincente Minelli em 1957, interpretou o papel de Marilla Brown, uma designer glamorosa que se apaixona e tem um casamento relâmpago com um jornalista desportivo (Gregory Peck). Em termos pessoais, era um ano muito difícil para Bacall: Bogart já estava doente, em casa, enquanto Lauren, fazendo jus à sua reputação de ‘durona’, trabalhava da forma mais profissional.
Em 1996, no filme ‘As Duas Faces do Espelho’, onde contracena com Barbra Streisand (que também realizou), no papel de sua mãe. Viria a conquistar um Globo de Ouro na categoria de melhor atriz secundária com este papel. Bacall viria a fazer cinema nos 10 anos seguintes, em filmes como ‘Dogville’, de Lars von Trier.