
Frazer Harrison
Nascida num quarto partilhado, sem água corrente, Viola Davis traçou o seu caminho além do “trauma” de uma infância e educação pobres para levar para casa o Óscar de Melhor Atriz Secundária, graças à sua prestação no filme ‘Vedações’.
Apesar de, agora com 51 anos, ser das atrizes melhor reconhecidas em Hollywood – em parte pelo seu papel em filmes como ‘As Serviçais’ ou na série televisiva ‘How to get away with murder’. Davis cresceu tão pobre que, durante a noite, tinha de usar trapos à volta do pescoço para se proteger de dentadas de ratos, e lembra-se do frigorífico da família estar literalmente nu.
Em agosto do ano passado, abriu o coração à revista ‘PEOPLE’ e ao diretor da ‘Entertainment Weekly’, Jess Cagle, acerca de ter nascido na quinta da sua avó, que antes era o sitio de uma plantação escrava na Carolina do Sul.
Pouco depois do seu nascimento, a família mudou-se para Rhode Island, onde viviam num edifício parcialmente abandonado, com eletricidade e aquecimento intermitentes. A situação financeira da família era muitas vezes crítica, tanto que não tinham comida em casa. Às vezes a atriz dependia somente das refeições dadas na escola durante o almoço, para sobreviver.
“Quando digo que não tinha nada, eu quero mesmo dizer zero”, disse à revista. “Lembro-me de uma vez uma amiga ter vindo a minha casa e aberto a porta do frigorífico. Não havia nada lá dentro. Ela disse, ‘Vocês vão mudar-se, é?'”

Frazer Harrison
A situação relacionada com o seu alojamento levou a momentos embaraçosos na escola.
“Nós não tínhamos sempre dinheiro para lavar a roupa. Durante uma grande parte do tempo, não tínhamos sabão ou água quente”, contou ao ‘The New Yorker’. “Nós éramos miúdos inteligentes, mas íamos para a escola a cheirar mal. Eu cheirava a urina.”
Em 2014 Davis revelou que chegou a estar dependente do caixote do lixo para comer.
“Eu fazia tudo para ter comida. Eu até roubei comida,” acrescentou enquanto a honravam no evento ‘Poder das mulheres’ para o ‘Washignton Post’. “Fazia-me amiga das pessoas no bairro que sabia que tinham mães que cozinhavam três refeições por dia, e sacrifiquei a minha infância e cresci com uma vergonha imensa.
Agora que encontrou o sucesso, através de uma série de papéis memoráveis, Viola está apta para desfrutar das melhores coisas da vida – mas isso não significa que tenha esquecido as suas lutas enquanto criança. A atriz admitiu que, de alguma forma, a sua infância complicada por vezes ainda a assombra.
“Por ter crescido em lugares tão apertados, eu não faço manicures, pedicures, não quero saber de carros nem de casas fabulosas. Eu queria uma escada em espiral, lençóis lavados na cama, poder tomar um banho; o grande momento ‘Aha!’ é que o trauma nunca desaparece.”, terminou por fim.