Em outubro deste ano, a família Kardashian vai celebrar uma década na televisão. Até ao momento, viu-se de tudo um pouco ao longo das 13 temporadas do reality show ‘Keeping Up With The Kardashians’, que retrata uma das famílias mais conhecidas nos Estados Unidos.
Quando a série estreou no canal “E!”, George W.Bush era o presidente norte-americano, as tropas estavam a combater no Iraque há quatro anos, avizinhava-se a crise financeira e Donald Trump era o anfitrião de um ‘reality show’ na NBC.
De lá para cá, muita coisa mudou. Obama chegou, mas já foi embora e agora Trump é um dos homens mais poderosos do mundo. Mas o sucesso dos Kardashians nunca esteve em causa, tanto que a estação televisiva renovou a série quando ainda só estava no ar há poucas semanas.
No entanto, os Estados Unidos são um país diferente, e alguns criticam o clã por favorecer a ascenção social de algumas estrelas televisivas a proeminentes figuras públicas.
Em janeiro, Chelsea Handler, uma das maiores críticas dos Kardashians afirmou à revista ‘Vanity Fair’ que estes eram culpados pela forma como a imprensa norte-americana cobriu Donald Trump durante a campanha, o que o terá levado à vitória.
“Tratavam-no como um entertainer. Era um reality show. Tornámo-nos num reality show. O começo do fim eram os Kardashians. A forma como estas pessoas explodiram e simplesmente não vão embora é surreal. Todos estão à venda”.
As comparações entre Kim com o presidente norte-americano podem ser extremadas, mas não serão assim tão descabidas. Ambos gostam de exibir as suas fortunas, tem conflitos com outras celebridades e entretêm o público com o seu dia-a-dia. Ambos convergem em alguns pontos progressistas, como o apoio da comunidade transgénero, mas divergem noutros.
Kim apoiou abertamente Hillary Clinton, defende o controlo de armas, tendo mesmo recorrendo ao Twitter para mostrar que a probabilidade dos americanos morrerem por uso indevido das mesmas é maior do que às mãos de um terrorista.
Os dois operam na mesma realidade, tendo a TV como um dos seus principais aliados.
No entanto, parece que a socialite está a perder terreno nos media. Numa entrevista concedida ao programa “60 minutes” referiu que deve a sua carreira ao poder das redes sociais, numa altura em que a família está a abraçar as diversas plataformas em vez de apostar na televisão.
Ultrapassar as operadoras, cultivar as suas próprias audiências para falar diretamente com o público. Faz lembrar alguém? Se pensou no presidente dos EUA, está certo. A transição Twitter-público foi um dos principais elementos de sucesso na sua eleição.
No Instagram, Kim foi ultrapassada como a pessoa com mais seguidores no mundo pela cantora Taylor Swift, caindo para o quinto lugar. No Twitter está a 12 lugares da primeira posição.
Segundo o Google Trends, a pesquisa “Kim Kardashian” tem caído desde outubro de 2016, altura em que foi assaltada em Paris e a eleição de Trump estava prestes a ser consumada.
Paralelamente, a estação “E!” tem visto as audiências a caírem, tendo baixado 3% no ano passado, ao passo que as cadeias noticiosas têm-se deparado com crescimentos dignos de registo: CNN 77%, MSNBC 87%. Os programas de humor como “Saturday Night Live”, cujas críticas ao presidente norte-americano são bastante comuns, acompanham esta tendência.
Perante esta inversão nos comportamentos americanos, os Kardashians têm perdido terreno, sendo que esta mudança de estratégia poderá sair cara à família. É cedo para antecipar mudanças, até porque o clã não parece muito preocupado.
Agora que o país está nas mãos de Donald Trump, talvez seja boa ideia começarem a preparar a candidatura de Kayne West à Casa Branca em 2020 ou 2024.
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