Espera-se que a monarquia siga o protocolo à risca e, regra geral, são os elementos mais novos que se desviam da tradição. Contudo, a última pessoa a fazê-lo poderá ter sido Isabel II.
Recentemente, durante uma visita ao Sandringham Women’s Institute, a rainha parece ter feito uma referência ao Brexit durante o seu discurso, tendo apelado ao civismo e respeito numa altura em que a atualidade do Reino Unido é marcada pelo ambiente tóxico em torno deste tema.
A ênfase continuada na paciência, amizade e num forte foco na comunidade, e considerar as necessidades dos outros são tão importantes hoje como eram quando o grupo foi fundado há tantos anos atrás. É claro que cada geração enfrenta novos desafios e oportunidades. Enquanto procuramos novas respostas nos tempos modernos, eu prefiro as receitas experimentadas e testadas, como falarmos bem uns com os outros e respeitar diferentes pontos de vista; unirmo-nos para procurar o meio-termo; e nunca perder de vista a perspetiva geral, Para mim, estas abordagens são intemporais, e recomendo-as a todos.”
Tradicionalmente, os membros da família real britânica devem ser apolíticos e não expressar publicamente as suas ideologias. De acordo com o site oficial da realeza, Isabel II deve manter-se “estritamente neutra em relação a questões políticas” e “não pode votar ou candidatar-se a eleições.” Contudo, é importante salientar que as palavras da rainha, embora pareçam comentar o Brexit, não incluem uma posição clara sobre a permanência ou saída de Inglaterra da União Europeia, o que significa que manteve a sua opinião pessoal privada.
Efeito Meghan?
É possível que a rainha se tenha sentido inspirada a falar de política por Meghan. A norte-americana é conhecida por testar os limites do protocolo real desde que trocou alianças com Harry, mas a regra sobre as opiniões políticas tem-se revelado das mais difíceis de seguir devido a a algo que é próximo do seu coração: o ativismo.
A ex-atriz é defensora de várias causas liberais, como os direitos da mulher e dos animais. Prova disso é que um comunicado oficial do Palácio de Kensington divulgado em janeiro fez saber que a duquesa de Sussex iria tornar-se patrona de “organizações nacionais que fazem parte da identidade do Reino Unido” e que “refletem as causas a que sempre se associou”, nomeadamente o Teatro Nacional, a Associação de Universidades da Commonwealth, a associação de resgate de animais em perigo The Mayhew e a Smart Works, uma instituição de apoio à empregabilidade de mulheres com carências.