Noa Pothoven, uma jovem holandesa de 17 anos, morreu no passado domingo, dia 2 de junho, na sequência do próprio pedido para que pudesse recorrer à eutanásia. O “sofrimento insuportável” da jovem ficou a dever-se a abusos sexuais, violação e anos de luta contra a depressão e distúrbios alimentares.
“Amor é deixar ir, neste caso. Talvez isto chegue como uma surpresa para muitos, dadas as minhas publicações acerca da hspitalização, mas o meu plano já cá está há muito tempo e não é impulsivo. Irei direta ao assunto: num máximo de 10 dias, vou morrer“, escreveu nas redes sociais.
“Após anos de batalha e luta, estou exausta. Deixei de comer e beber há agum tempo e, após várias discussões e avaliações, decidiram deixar-me ir porque o meu sofrimento é insuportável. Eu respiro, mas já não vivo“, disse.
A eutanásia foi legalizada na Holanda em 2001 e, após os 16 anos de idade, já não é precisa a autorização dos pais para que a decisão seja tomada. Noa fez os 17 anos em dezembro de 2018, pelo que pôde pedir para morrer, sem que os progenitores tivessem influência.
De acordo com o jornal holandês De Gelderlander, a mãe da jovem, Lisette, apenas percebeu como a filha se sentia, ao encontrar algumas cartas no seu quarto, quando esta tinha 16 anos. “Fiqui em choque. Não percebíamos. A Noa é querida, bonita, inteligente, sociável e sempre alegre. Como é que é possível que queira morrer? Nunca recebemos uma resposta real. Apenas ouvimos que a sua vida não tinha mais sentido. Por apenas um ano e meio, soubémos o segredo que ela carregou por anos. Nós queríamos que ela escolhesse o caminho da vida“, contou.
O pai, Frans, por outro lado, disse que a jovem foi submetida a terapia de eletrochoques, na esperança de que ela “visse os pontos brilhantes da vida de novo, talvez se apaixonasse ou aprendesse a descobrir que vale a pena viver“. Noa foi abusada sexualmente quando tinha apenas 11 anos, numa festa de amigos, e, um ano mais tarde, o mesmo sucedeu num encontro semelhante. Aos 14 anos, foi violada na rua por dois homens. Desde então, lutava contra stress pós-traumático e anorexia. Tudo isto, revelado na sua autobiografia, Winning or Learning, à qual chega a referir-se como algo que, até então, lhe parecia “sujo“.