
É uma das caras da moda dos anos 90, mas Christy Turlington superou-se para lá do título de supermodelo. Na verdade, foi uma das experiências mais pessoais e transformadoras que já viveu que lhe deu um dos seus propósitos de vida. Durante o parto da sua filha mais velha, Grace, em 2004, Christy teve complicações durante a expulsão da placenta, o que a levou a perder vários litros de sangue. Isto, por si só, é uma das principais causas de morte durante o parto, se não houver uma rápida resposta por parte da equipa médica ou se os meios não forem os suficientes. Porém, as complicações não se ficam pelo parto, já que o pós-parto, nestes casos, é particularmente difícil.
“É incrível a quantidade de histórias que há sobre má prática médica nos partos ou sobre riscos de morte que ninguém nos conta. Eu perdi muito sangue, tive sorte de estar acompanhada por bons profissionais e, apesar de me terem feito várias transfusões, não precisei ser operada. Tive sorte, porque em nenhum momento temi pela minha vida, mas foi muito duro e complicado. Tinha-me preparado com consciência para aquele momento e não entendia o que estava a acontecer”, explicou Christy que, depois desta experiência, decidiu criar a organização Every Mother Counts, uma iniciativa destinada a evitar a morte de mulheres durante o parto em países em desenvolvimento.
“Todas as complicações do pós-parto mudaram a minha forma de ver os cuidados com a saúde direcionados para as mulheres. Não parava de pensar que, se as mulheres informadas e com recursos passam por isto, então o que acontece com as que não têm nada disso? É admirável o quão resistentes somos, mas há muitas coisas, muito simples, que se podem fazer e não se fazem. No ocidente, os partos são vistos como algo puramente médico, mas há um fator espiritual muito importante que se descuida, esquecendo que o parto é uma experiência muito profunda e poderosa”, sublinhou.