Sou bastante cética no que toca a promessas de cosméticos, tenho de confessar. Quando os produtos prometem muita coisa, desconfio sempre. Aliás, em conversas de redação, brinco muitas vezes: “este creme só não tira cafés, de resto… resolve tudo”.
Como seria de esperar, quando há produtos que dizem intensificar o bronzeado, estou na primeira fila para saber se isso é possível. E sendo, alguém me explique como é que isso acontece. Que eu, apesar de ser jornalista, sempre fui melhor nas ciências do que nas línguas: nunca consegui decorar matérias, mas se houvesse uma lógica e eu a percebesse, sabia responder a todas as perguntas.
Como assim “intensificadores de bronzeado”?
“Para perceber como funcionam, temos de muito rapidamente perceber como se dá a produção de melanina, o pigmento da pele”, começa por dizer Ana Alexandre Oliveira, especialista em dermocosmética e autora do blog The Skin Game. “Um dos maiores fatores limitantes da produção da melanina é uma enzima chamada tirosinase, que leva a que a tirosina presente nos melanossomas se possa eventualmente transformar em melanina”. Pausa para ler esta frase várias vezes, apesar de esta ser uma “versão altamente simplificada do processo”.
“Estes protetores solares que estimulam o bronzeado contêm substâncias que funcionam como substrato da tirosinase. De forma simplista, permitem que os processos em que a enzima intervém ocorram. Assim, se a tirosina é o maior limitador do processo de produção de melanina e com este substrato conseguimos que a reação ocorra, estamos a garantir que a produção está no máximo possível.”
Trocado por miúdos
Ora, se isto fosse lição de ciências do meu 9º ano, a minha melhor forma de perceber a lógica seria simplificar ainda mais. Portanto, o corpo tem uma ‘coisa’ fundamental para a produção do pigmento da pele (aka bronzeado). Essa coisa pode – ou não – estar a trabalhar nos máximos. Ao usar intensificadores de bronzeado, estamos a garantir que está. Essa ‘coisa’ é uma enzima chamada tirosinase. Ana, é isto, não é?
Esta reação, porém, “está sempre dependente da exposição à radiação UV, daí que faça sentido que esteja associada a proteção solar. Não são, de todo, autobronzeadores que apenas coram a superfície da pele. São estimuladores do processo de produção de melanina.” Que é como quem diz: ou usam protetor solar com intensificador de bronzeador, ou usam protetor solar e depois um intensificador de bronzeado. Se usarem só este último, é como se estivessem a usar um intensificador de envelhecimento e queimadura solar – e tem tudo para correr mal.
O veredito
Agora sim, pode investir num intensificador de bronzeado, com a segurança de que não está a cair numa estratégia de marketing. Os intensificadores de bronzeado funcionam mesmo. Porquê? Porque estimulam a produção ‘da coisa’ (é como vos disse – eu era boa na lógica, não obrigatóriamente nas letras).
Estas são as recomendações da especialista: