Há uma questão que me preocupa há anos e quem me conhece sabe que este é um tema recorrente nesta quadra. É a questão das passas na contagem decrescente para o novo ano. Depois destes anos todos, ainda não domino a arte. A tradição é uma uva-passa e um desejo por cada uma das 12 badaladas. Parece fácil, mas não é.
O problema começa logo no timing: muito frequentemente ‘abalamos’ para as badaladas já tarde, de repente já só faltam 5 cinco segundos para a meia noite. Nessa altura, toca a enfiar as passas todas na boca, os desejos resumidos no grande chavão da felicidade, um gole à bruta no champanhe bruto de que raramente gostamos e com as bochecha inchada, ainda a ruminar, desatamos a beijocar os convivas – ocasionalmente cuspindo-lhes uma passa-uva na testa.
O grau de dificuldade aumenta ainda mais quando fazemos tudo isto em cima de uma cadeira, a acenar com uma nota – ultimamente cinco euritos, que tudo o resto foi gasto no inflacionado azeite do bacalhau corrente. Como se não bastasse, temos uma lembrança verde do ano velho nos incisivos superiores e estamos a usar a cuequinha azul da praxe, que não só não funcionou – a julgar por estes primeiros segundos, paz e tranquilidade é coisa que não vai existir em 2024 – como ainda nos fez começar o ano a trair o o nosso Benfas.
Feliz Ano Novo (e cuidado com as grainhas)