
Vivemos numa época de grandes lutas e mudanças. Ou, pelo menos, pequenos grandes passos para as atingir. Desde as preocupações ambientais à luta pela igualdade de género, é inegável o destaque dado a tantos temas que, durante muito tempo, apenas eram debatidos à mesa (e não em todas as mesas).
Neste sentido, é impossível ignorar a importância das redes sociais. Termos acesso praticamente ilimitado a plataformas como o Instagram, o Twitter, o Facebook – entre tantas outras – tanto pesa para o lado bom como para o lado mau da balança. Mas, no que toca aos assuntos que realmente importam, são, sem dúvida, uma das melhores (se não “a melhor”) formas de atingir grandes audiências.
Isto para dizer que são, sobretudo, as gerações mais jovens que fazem parte destas lutas – até porque acompanharam o aparecimento e crescimento de muitas destas plataformas. Ainda assim, continuam, em muitos temas – desde o emprego às relações -, a ser vistos como “crianças” e, frequentemente, “irresponsáveis” (de uma forma muito geral, claro, mas acontece).
Ora, a verdade é que não me choca absolutamente nada que um recente estudo realizado na América tenha mostrado que os casais mais jovens que sobem ao altar têm permanecido casados. Philip N. Cohen mostrou que as taxas de divórcio entre os mais novos são baixas – contra as expectativas de todos aqueles que, com certeza, os acharam “irresponsáveis” por dizer o “sim” tão cedo.
A explicação parece-me simples: a nossa geração assistiu à dominância dos divórcios entre os pais ou os tios. Tivemos tempo de perceber aquilo que não queríamos que acontecesse connosco. Por outro lado, e novamente, as redes sociais. O acesso a estas – e também a aplicações de encontros – permite-nos ir percebendo aquilo de que gostamos e aquilo que, definitivamente, não é para nós.
Conseguimos, hoje, conversar com alguém sem nunca ter estado presencialmente com a pessoa – e, depois, decidir se gostaríamos de a conhecer melhor ou não. Conseguimos marcar um encontro com alguém – e, depois, decidir se o queremos repetir ou não. Conseguimos, no fundo, de forma mais facilitada do que nunca, definir aquilo que pretendemos numa relação.
E isto leva-me à minha conclusão: quando os mais jovens escolhem manter uma relação com alguém, quando se comprometem, já tiveram, na maioria dos casos, experiências que as levaram a definir o tipo de relação que querem. Acredito que, quando fazemos um compromisso assim, é porque vemos no outro o potencial de nos tornar melhores, de nos fazer pessoas mais felizes.
Os ditos millenials sabem que ninguém é perfeito – mas também sabem que, para qualquer relação dar certo, é preciso aprender a navegar entre as águas mais agitadas, em vez de deixar o barco afundar. Somos mais resilientes, conscientes e responsáveis do que muitos mais velhos nos querem fazer parecer. Uma vez mais, generalizo – mas porque acredito verdadeiramente que somos uma maioria (ou então tenho a sorte de conhecer os millenials mais terra à terra de todos os millenials).
A nossa luta é constante – queremos provar que somos mais, que somos capazes, que não somos assim tão inconscientes e que podemos mudar o mundo aos poucos. Mas nem sempre nos dão o devido crédito. O lado bom é que evitamos aceitar um não e continuamos a lutar pelo que queremos e acreditamos. Que venham mais estudos, pesquisas que provem aquilo que valemos. Para já, estamos a vingar nas relações. E então?