O número de mulheres que sofre de disfunção do pavimento pélvico (PP) tem vindo a aumentar significativamente nos últimos anos. Fatores de risco como a idade, primiparidade, obesidade (antes e durante a gravidez), obstipação, peso fetal, tipo de parto, entre outros, podem levar a disfunção do PP, principalmente incontinência urinária de esforço.
A incontinência urinária de esforço (IUE) é a mais comum dentro das disfunções do PP, nomeadamente em mulheres com menos de 50 anos de idade. É descrita pela International Continence Society como a “perda involuntária de uma pequena quantidade de urina que decorre na ausência de contração do detrusor, secundária ao aumento da pressão intra-abdominal” (1).
A prevalência da incontinência urinária em mulheres com mais de 20 anos é aproximadamente de 25%, sendo que 80% dessas mulheres tem IUE. A IUE tem um grande impacto na qualidade de vida, na interação social, bem como nos relacionamentos sexuais e familiares. Durante a gravidez está relacionada com disfunção uretral devido ao estiramento das fáscias do pavimento pélvico, dos ligamentos e dos músculos, devido ao aumento da pressão intra-abdominal. Posteriormente, o parto (sobretudo partos instrumentais e episiotomia) está também fortemente
Sabe-se que na gravidez a prevalência de IUE é de 42% (com aumento significativo no 3º trimestre) e após o parto é superior a 20% (3) com sintomas que persistem por mais de 6 anos.
O pavimento pélvico é uma estrutura complexa que contém músculos, fáscias, ligamentos, nervos e vasos sanguíneos. Representa a unidade neuromuscular que fornece o suporte e controlo funcional das estruturas pélvicas. A sua integridade, tanto anatómica como funcional resulta na continência, suporte de órgãos pélvicos e função sexual normal. A IUE está relacionada com a hipermobilidade e perda de suporte da uretra, ou seja, associada à fraqueza dos músculos do pavimento pélvico (MPP).
A fisioterapia é tida como a principal abordagem no tratamento conservador da IUE, devendo ser a intervenção de primeira linha. Estudos de alocação aleatória (RCT = Randomized Control Trial) demonstraram taxas de sucesso na ordem dos 56-75% (4), associadas a programas de fortalecimento dos MPP. O aumento da força e do tónus dos MPP tende a “elevar” o pavimento pélvico restaurando a atividade reflexa normal, bem como outros mecanismos de continência.
O treino dos MPP durante a gravidez demonstra ser um fator protetivo de disfunções do PP. Grávidas sem história de IU que realizem exercícios de fortalecimento do PP durante a gravidez têm menos 62% de risco de desenvolver IU no final da gravidez e 29% menos risco de IU nos 3-6 meses pós-parto (5).
Os estudos dizem-nos também que mulheres que têm acesso a sessões informativas sobre a função do pavimento pélvico por um profissional especializado durante a gravidez têm maior conhecimento sobre o PP no pós-parto, mais capacidade na realização da correta contração e relaxamento do PP, menos sintomas associados a disfunção e uma melhoria na qualidade de vida, pois, sabemos que o conhecimento da anatomia e função do PP tem sido demonstrado como uma metodologia eficaz na prevenção de disfunção (6).
Quando a mulher experiencia sintomas de incontinência (ou qualquer outra disfunção do PP) no pós-parto é fundamental que procure ajuda de um profissional especializado. Ter perdas de urina não é normal em NENHUMA situação da vida da mulher, sendo um problema de saúde com grande impacto na qualidade de vida, mas que pode ser resolvido.
A mulher deve ser orientada em relação aos pensos higiénicos que utiliza, alterações no estilo de vida (a obstipação também é um fator de risco), à função do seu pavimento pélvico. Ou seja, deve ser feita uma avaliação detalhada e criado um plano de intervenção que seja adequado e individualizado a cada mulher.
O tratamento e o acompanhamento profissionais devem, sempre, ser complementados com a escolha de produtos de alta qualidade que possam dar à mulher a possibilidade de viver uma vida normal e sem medos/receios. Aliás, este é um dos primeiros aspetos a ter em conta, uma vez que nem todas as soluções contribuem para uma recuperação com resultados rápidos. Neste campo, a Abena é uma das marcas mais conhecidas, e reconhecidas, em todo o mundo não só pela qualidade dos seus produtos, como também pelas preocupações, cada vez maiores, com o meio ambiente, sendo, por isso, cada vez mais aconselhada pelos profissionais.
Valorize as suas queixas e nunca aceite que lhe digam que é normal.
- Abrams P, Cardozo L, Fall M, Griffiths D, Rosier P, Ulmsten U, et al. The standardisation of terminology of lower urinary tract function: report from the Standardisation Sub-committee of the International Continence Society. Am J Obstet Gynecol. 2002;187(1):116-26. Epub 2002/07/13.
- Mutaguchi, M., Murayama, R., Takeishi, Y., Kawajiri, M., Yoshida, A., Nakamura, Y., Yoshizawa, T., & Yoshida, M. (2022). Relationship between low back pain and stress urinary incontinence at 3 months postpartum. Drug Discoveries & Therapeutics, 16(1), 2022.01015. https://doi.org/10.5582/ddt.2022.01015
- Novo, R., Perez-Rios, M., Santiago-Pérez, M. I., Butler, H., Malvar, A., & Hervada, X. (2020). Prevalence and associated risk factors of urinary incontinence and dyspareunia during pregnancy and after delivery. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, 245, 45–50. https://doi.org/10.1016/j.ejogrb.2019.10.020
- Yang, X., Zhang, A., Sayer, L., Bassett, S., & Woodward, S. (2022). The effectiveness of group-based pelvic floor muscle training in preventing and treating urinary incontinence for antenatal and postnatal women: a systematic review. International Urogynecology Journal, 33(6), 1407–1420. https://doi.org/10.1007/s00192-021-04960-2
- Woodley, S. J., Lawrenson, P., Boyle, R., Cody, J. D., Mørkved, S., Kernohan, A., & Hay-Smith, E. J. C. (2020). Pelvic floor muscle training for preventing and treating urinary and faecal incontinence in antenatal and postnatal women. In Cochrane Database of Systematic Reviews (Vol. 2020, Issue 5). John Wiley and Sons Ltd. https://doi.org/10.1002/14651858.CD007471.pub4
- Hyakutake, M. T., Han, V., Baerg, L., Koenig, N. A., Cundiff, G. W., Lee, T., & Geoffrion, R. (2018). Pregnancy-Associated Pelvic Floor Health Knowledge and Reduction of Symptoms: The PREPARED Randomized Controlled Trial. Journal of Obstetrics and Gynaecology Canada, 40(4), 418–425. https://doi.org/10.1016/j.jogc.2017.10.0
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