Portugal é um país com baixa literacia financeira. E apesar de nunca se ter falado tanto sobre o tema como agora, essa continua a ser a realidade da maioria da população portuguesa.
Os portugueses estão conscientes que devem poupar e os que conseguem até o fazem. Contudo, a grande maioria opta por deixar o dinheiro parado no banco ou “debaixo do colchão”, e na realidade vão perdendo as suas poupanças a cada dia que passa. Isso tornou-se por mais evidente com o aumento da inflação nestes últimos meses. Com os mesmos 100€, passámos a comprar menos. O que fazer? Se já tiver um fundo de emergência, que deve refletir pelo menos 6 meses das suas despesas mensais, e ser utilizado em situações imprevistas, pode e deve investir.
Mas para tal é preciso conhecimento para o fazer. Existem várias opções, com mais ou menos risco, que podem fazer sentido, ou não, dependendo do nosso perfil de investidor.
Perfil de investidor
Conhecer o seu perfil de investidor é fundamental antes de começar a investir. Dessa forma irá evitar seguir conselhos de familiares ou amigos, pois o que é bom para eles, pode não ser para si – pode ter um perfil mais conservador e deixar de dormir, literalmente, devido às oscilações do produto financeiro que escolheu, ou pelo contrário, sentir-se defraudado por não ver resultados num produto demasiado conservador que adquiriu. Cada pessoa é uma pessoa e cada investidor é um investidor.
Para definir o seu perfil de investidor tenha em consideração o seu conhecimento e experiência em instrumentos financeiras, a sua tolerância ao risco (se prefere alternativas de capital garantido, nas quais o seu dinheiro está garantido, ou de risco, nas quais existe a real possibilidade de perder o seu dinheiro) e os seus objetivos (o que pretende com esse investimento, montante disponível, até quando quer investir -curto, médio ou longo prazo).
Começar a investir
Identificou o seu perfil de investidor e os seus objetivos de investimento? Então está na altura de começar. Caso tenha um perfil conservador, avesso ao risco, tem algumas opções como os certificados de aforro (investimento mínimo de 100€) e de tesouro (investimento mínimo de 1000€), ambos do Estado, e os depósitos a prazo. Neste momento, com o aumento das taxas Euribor, os certificados de aforro são a opção mais atrativa, com uma taxa superior a 3%, no momento em que escrevo este texto. A melhor opção disponível na banca é de 2,5%, para ter uma ideia. A vantagem destas opções é que tem a garantia de que não perde o seu dinheiro, apesar do retorno ser mais baixo do que outras opções no mercado. Quando temos baixo risco, o retorno é menor.
Caso sinta maior tranquilidade em arriscar, pode optar por plataformas de crowdfunding imobiliário, que funcionam como um financiamento colaborativo, no qual um conjunto de pessoas apoia/investe num projeto de um promotor, com a perspetiva de retorno financeiro. Isto pode materializar-se na compra de um imóvel para reabilitação e posterior venda, cujos lucros serão depois distribuídos pelas pessoas que investiram inicialmente na compra do imóvel. Existem várias plataformas de crowdfunding imobiliário em Portugal, inclusivamente uma 100% portuguesa, a Querido Investi Numa Casa!.
Quando comparamos com outros produtos financeiros, como fundos e ações, o crowdfunding imobiliário tem a vantagem de oferecer maior transparência, uma vez que permite ao investidor saber exatamente no que está a investir (o imóvel). Inclusivamente, é possível saber onde se localiza e, em algumas situações, até visitar o imóvel em questão. Existe risco, o capital não é garantido, mas as operações beneficiam de sólidas garantias reais e taxas de juro muito atrativas, proporcionando ao investidor, um binómio risco-retorno sem paralelo no mercado. É possível investir a partir de 50€.
Por fim, com maior risco estão os fundos e ações. Pode optar por contratar um gestor profissional, ou criar conta numa corretora, que funciona como intermediária na transação de produtos financeiros em Bolsa. É aqui que estão as opções de investimento de maior retorno, mas também de maior risco. Por isso mesmo é fundamental ter um bom nível de conhecimento sobre o funcionamento de ações, bem como um especial interesse por economia e finanças, para facilitar o acompanhamento das empresas em que pretende investir. O capital investido em Bolsa deve ter um objetivo de médio/longo prazo, uma vez que a Bolsa é volátil e os retornos são sempre melhores a longo prazo.
Estas são apenas algumas opções que pode considerar se estiver a pensar em investir. O meu maior conselho é que procure informar-se o máximo possível e nunca subscreva um produto que não entenda a sua plenitude. Faça perguntas e só avance quando se sentir confortável. Bons investimentos!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.