A profissão de serviço de bar, historicamente dominada por homens, carrega consigo uma série de estereótipos que há muito tempo precisam ser desafiados. Em bares e restaurantes um pouco por todo o mundo, é comum ver homens atrás do balcão, a preparar cocktails e a servir bebidas, enquanto as mulheres são frequentemente remetidas para funções secundárias ou mesmo excluídas desse ambiente. No entanto, a ideia de que esta é uma profissão exclusivamente masculina assume proporções antiquadas e injustas.
Primeiramente, é importante destacar que esta é uma função que requer uma combinação de habilidades que não tem absolutamente nada a ver com o género. A criação de cocktails, o atendimento ao cliente e a capacidade de manter a calma num ambiente agitado são qualidades que podem ser encontradas em qualquer pessoa, independentemente do sexo. Ora, mulheres atrás do balcão, muitas vezes chamadas de barmaids, têm provado repetidamente que são tão competentes quanto os seus colegas homens, ao trazer criatividade, empatia e profissionalismo para a profissão, e são inclusive valorizadas por serem mais eficientes e organizadas
Além disso, a presença feminina resulta quase inevitavelmente numa nova e melhor perspetiva para o ambiente de bar. Muitas mulheres no setor têm destacado a importância da hospitalidade, através da criação de experiências mais acolhedoras e personalizadas para os clientes. Também têm sido fundamentais na introdução de novas bebidas e inovação nas tradicionais, com novos ingredientes e técnicas que desafiam as normas tradicionais da mixologia. Isso mostra que a diversidade de género pode ser um verdadeiro trunfo para a evolução da profissão.
Por outro lado, é preciso reconhecer que o preconceito ainda existe. Muitas mulheres que escolhem seguir a carreira de barmaid enfrentam desafios significativos, que incluem assédio, discriminação e a constante necessidade de provar os seus conhecimentos e qualidades num campo maioritariamente masculino. Também por isso, torna-se mais relevante salientar e reforçar a crescente visibilidade e o reconhecimento de mulheres talentosas nesta área, no sentido de ajudar a romper tais barreiras. Com o apoio de colegas e do público, é possível transformar a profissão, bem como todo o ambiente que a envolve, o qual pretende-se que seja mais inclusivo, onde o talento é valorizado acima de tudo.
O mundo sofisticado da criação e preparação de bebidas e cocktails está a adaptar-se aos novos tempos. As escolas de bar e os bares de prestígio estão cada vez mais a incentivar a participação feminina, com resultados muito positivos, pois cada vez mais mulheres procuram formar-se na área, com o reconhecimento que a igualdade de género é fundamental para o desenvolvimento da indústria. Desde logo, pelas suas qualidades, por exemplo, em provas de speed round (rapidez de serviço) ou na criação de cocktails de assinatura, através de detalhes e storytellings surpreendentes. Além disso, também o público está a tornar-se mais consciente e exigente, o que o leva a procurar ambientes que reflitam os valores de inclusão e respeito.
Em resumo, a perspetiva da profissão cingir-se ao barman não é correta, por restringi-la a um único género. As mulheres têm mostrado, com muita competência, que podem não apenas ocupar esses espaços, mas também liderar a transformação da indústria de bebidas. Ao desafiar os estereótipos e abrir espaço para todos, estamos a criar um futuro onde o talento, a criatividade e a paixão são os únicos critérios que realmente importam. E esse é um brinde que todos devemos celebrar.
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