Actualmente, vemos Irene Ravache a brilhar na novela ‘Belíssima’, no papel da grega Katina, uma mulher que sofre por causa dos problemas dos filhos: uma é atiradiça demais, o outro não acerta no amor e o terceiro não quer sair da adolescência. Nenhuma destas dificuldades se compara, no entanto, ao drama que a actriz enfrentou na vida real. Irene viu tornar-se realidade na sua família um fantasma que tira o sono à maioria das mães: o medo de ver o filho envolvido com drogas.
Contacto pesado
Irene viveu esta experiência de uma forma muito intensa. O seu filho mais velho, Hiram, chegou ao fundo do poço por causa da dependência química. O primeiro contacto com os estupefacientes ocorreu aos 19 anos. Começou a fumar marijuana, uma droga leve, mas que, em muitos casos, acaba por abrir caminho para substâncias mais pesadas e perigosas. Foi o que o se passou com ele.
Depois de algum tempo, viciou–se em cocaína, uma droga que produz uma extrema sensação de bem-estar e faz com que a pessoa se sinta poderosa e cheia de energia. Mas exige doses cada vez maiores para manter os mesmos efeitos caso contrário, o toxicodependente vai para o extremo oposto. Fica profundamente angustiado e deprimido. Neste consumo crescente, a pessoa destrói a sua saúde, gasta o dinheiro que tem e o que não tem, corre riscos, perde empregos, discute com os amigos e a família. O filho de Irene passou por todas essas etapas ao longo de 10 anos, na maior parte do tempo sem que a mãe soubesse. ‘Como a maioria dos dependentes, disfarçava muito bem’, conta.
Durante um bom tempo, ambos viveram sob um clima de suspeitas, enquanto Irene tentava medidas paliativas para resolver o problema. Uma delas era usar a sua influência para arranjar emprego a Hiram, que, por causa da droga, não se aguentava em nenhum trabalho. Quando se cansou das mentiras do filho, fez-lhe um ultimato. Disse: ‘Filho, se te queres matar, a escolha é tua. Mas se for para continuar nesse caminho, então não apareças mais aqui, nem para me visitar. Agora, se estiveres mesmo disposto a recuperar, eu dou-te toda a ajuda do mundo’.
Essa atitude salvou a vida de Hiram. Três dias depois, ele aceitou internar-se numa clínica, ficou lá durante seis meses e conseguiu livrar-se do vício que, como ele reconhece, certamente o levaria à morte. ‘Ali, tive o meu filho de volta’, conta a actriz. Ao relembrar essa fase, ela revela um arrependimento. ‘Demorei muito a procurar a informação necessária para lidar com a droga’, diz.
Hoje, aos 40 anos, Hiram comemora o facto de estar livre das drogas há 10. Casado e pai de um menino de 11 anos, trabalha como produtor de teatro e frequenta a Faculdade de Psicologia. E é ainda conselheiro numa clínica para dependentes químicos em São Paulo. Ele e a mãe também adoptaram uma postura rara entre as famílias que conseguem vencer a guerra contra as drogas. Ambos resolveram aproveitar a própria experiência para ajudar outras pessoas a lidar com o mesmo problema.
CUIDADO COM ESTAS DESCULPAS
Elas são muito comuns entre os toxicodependentes.
‘A droga não é minha. Só a guardei para um amigo.’
‘Só consumi naquela festa. Foi uma coisa de momento.’
‘Li muito, por isso os meus olhos estão vermelhos.’
‘Eu estava com eles, mas não consumi.’
FIQUE ATENTA A ESTES SINAIS
Eles podem indicar que o jovem consome droga:
. Trocar a noite pelo dia
. Mudar o círculo de amigos
. Trancar a porta do quarto com frequência
. Aparecer com os olhos vermelhos
. Ter o quarto sempre perfumado
Filho livre da DROGA
Como devem AGIR os PAIS
Vários factores, como a genética e problemas familiares, são responsáveis por o facto de uma parte dos jovens que experimentam drogas ter tendência para a dependência. Saiba como agir perante a descoberta de que o filho consome drogas.
. Aposte na prevenção
Dê muito amor e carinho ao seu filho e, desde cedo, procure fortalecer a sua auto-estima. Mas imponha-lhe limites. Algumas pesquisas mostram que os dois extremos aumentam o risco de envolvimento com drogas.
. Converse sobre o assunto
Aproveite as ocasiões em que o tema ‘drogas’ aparecer em sua casa para falar abertamente sobre ele. Não esconda dos seus filhos que os estupefacientes dão prazer. Mas diga-lhes que esse prazer é artificial.
. Procure informar-se
Ao suspeitar que o seu filho consome droga, procure saber mais sobre ela. Participe em palestras, leia reportagens ou livros sobre o assunto.
. Não tape o sol com a peneira
Muitos pais preferem fingir que não estão a ver o problema, principalmente no início. Enfrentar a situação logo no princípio traz melhores resultados.
. Procure ajuda nas decisões profissionais
Um psicólogo ou psiquiatra podem ajudar os pais a lidar com essa situação. Outra alternativa é procurar uma clínica para dependentes.
. Seja firme nas decisões
Os pais não devem agir com violência. Mas têm de ser rígidos em relação às regras para ficar longe das drogas.
QUATRO TIPOS DE DEPENDENTES
Os especialistas dividem os dependentes de drogas em grupos. Saber em qual deles o jovem se encontra é a melhor maneira de evitar atitudes como a que é retratada no filme ‘Bicho de Sete Cabeças’. Na película, ao descobrirem que o filho (Rodrigo Santoro) fumou marijuana, os pais internam-no num manicómio e isso, mais do que a droga, arruina a vida do jovem. Conheça os quatro grupos:
1. EXPERIMENTAL
É o jovem que usa drogas uma única vez.
2. SOCIAL
A pessoa utiliza as drogas apenas em algumas ocasiões, com um grupo específico.
3. ABUSIVO
O jovem exagera no consumo, mas ainda é capaz de controlar o vício.
4. DEPENDENTE QUÍMICO
O consumo é diário e a pessoa não consegue passar muito tempo sem a droga. Na abstinência, apresenta sintomas físicos, como tremores e depressão.