De acordo com um estudo da UNICEF que avaliou a prestação de cuidados na primeira infância nos 25 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), entre os quais Portugal, pela primeira vez a maioria das crianças com menos de seis anos passa a maior parte do dia, não com a família, mas em creches, infantários e outras estruturas de apoio à infância.
Mais de dois terços das mulheres da OCDE trabalham fora de casa (em Portugal são 69%). Muitas adiam a maternidade por uma década ou mais, em comparação com gerações anteriores, para estabilizarem as suas vidas profissionais e financeiras. E, quanto mais pobre é a família, mais urgência tem a nova mãe em regressar ao trabalho, depois do parto. Como consequência, diz ainda o relatório, as crianças são entregues cedo demais a cuidados que podem não primar pela qualidade. Se esse for o caso, o seu desenvolvimento cognitivo, linguístico, emocional e social podem ficar comprometidos.
A pesquisa avaliou 10 indicadores de referência relativos à educação e cuidados na primeira infância. Portugal cumpria quatro, um ponto abaixo da média: falhamos na concessão de licença de um ano para novos pais, com 50% do ordenado; não há cuidados subvencionados para 25% dos menores de três anos; não cumprimos a proporção mínima entre o número de crianças e profissionais do ensino pré-escolar; investe-se apenas 1% do PIB nos cuidados à primeira infância; a nossa taxa de pobreza infantil não está abaixo dos 10%, como deveria, e pontuamos mal no que que respeita à universalidade dos serviços de saúde.
Neste ranking, a Suécia atingiu a cotação máxima e o pior classificado foi a Irlanda, com apenas um requisito cumprido.